“Não pronunciarás o nome do
Senhor, teu Deus, em vão, pois o Senhor não deixará impune quem pronuncia o seu
nome em vão”. (Ex 20,7).
“O segundo mandamento, proíbe o
abuso do nome de Deus, isto é, todo o uso inconveniente do nome de Deus, de
Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos” (CIC n. 2146)
Somos
conscientes do valor do nome que levamos. Ele é uma representação da pessoa que
o usa, e a nossa atitude para com esse nome é um reflexo dos sentimentos que
nutrimos pela pessoa. Assim compreendemos por que é um pecado usar o nome de
Deus em vão. Se amamos a Deus, amaremos o seu nome e jamais o mencionaremos com
falta de respeito ou de reverência, como exclamação de ira, de impaciência ou
de surpresa: evitaremos tudo que possa desonrá-lo.
Há
muitas formas de atentar contra a reverência devida ao nome de Deus. A mais
habitual é o simples pecado de falta de respeito: usar o seu santo nome para
desafogarmos os nossos sentimentos. “Não, pelo amor de Deus!”; “minha Nossa
Senhora!” etc. Raramente se passa um dia sem que ouçamos frases como estas, às
vezes sem haver se quer a desculpa da emoção momentânea. Todos conhecemos
pessoas que usam o nome de Deus com a mesma sem-cerimônia com que falariam de
alhos e cebolas, coisa que é sempre prova certa da superficialidade do seu amor
a Deus.
Em
geral, este gênero de irreverência é pecado venial, porque falta a intenção
deliberada de desonrar a Deus ou de desprezar o seu nome; se existisse essa
intenção, o pecado converter-se-ia em mortal; de ordinário, é de falar devido a
leviandade e ao descuido, mais do que à malícia. Pode também tornar-se mortal
se for ocasião de escândalo grave, por exemplo se com isso um pai destrói nos
filhos o respeito devido ao nome de Deus.
Essa
falta de respeito por Deus é o que muita gente chama erroneamente “jurar”.
Jurar é coisa bem diferente. É um erro acusar-se em confissão de “ter jurado”,
quando, na realidade, o que se quer dizer é que pronunciou o nome de Deus sem
respeito. CIC 2150
Jurar
não é necessariamente um pecado; antes pelo contrário, um juramento reverente é
um ato de culto grato a Deus, se reúnem algumas condições. Quando o fazemos,
por exemplo, quando temos que depor como testemunhas em juízo ou somos nomeados
para um cargo público. Outras vezes, a própria Igreja pede que se jure, como no
caso de padrinhos de uma pessoa não batizada cujo registro de batismo se tenha
perdido. Outras, não é que se tenha de fazer um juramento, mas garantir a
verdade do que dizemos com um juramento pode servir para um fim bom, que
contribua para a honra de Deus ou o bem do próximo. Mas jurar sem motivo ou
necessidade, salpicar a conversa com frases como “juro pela minha vida”, “juro
por Deus que é verdade” e outras parecidas, é pecado. Normalmente, se dizemos a
verdade, esse pecado será venial, porque, como no caso anterior, é produto de
irreflexão e não de malícia.
Se
o que dizemos é falso e o sabemos que o é, esse pecado é mortal. Invocar o nome
de Deus como testemunha de uma mentira é uma desonra grave que lhe fazemos. É o
pecado de perjúrio, e o perjúrio deliberado é sempre pecado mortal. Se nos
obrigamos a fazer alguma coisa sob juramento, devemos ter a certeza de que o
que prometemos é bom, útil e possível.
Se alguém jura, por exemplo, vingar-se de uma injúria recebida, é evidente que
tal juramento é mau e é mau cumpri-lo.
Podem
surgir circunstâncias que anulem a obrigação contraída por juramento. Por
exemplo, o irmão mais velho promete ao pai gravemente enfermo cuidar do caçula,
mas o pai se recupera; o motivo deixa de existir com sua recuperação; ou o
irmão mais velho adoece e perde suas economias; se o irmão mais novo chega a
sua maioridade e pode se sustentar... Há outros fatores ainda que podem
desligar da obrigação contraída, como a dispensa concedida por aquele a quem se
fez a promessa; a descoberta de que o objeto do juramento (quer dizer, a coisa
a fazer) é inútil e até pecaminosa; ou a anulação do juramento (ou a sua
dispensa) por uma autoridade competente, como o confessor.
O
que é um voto? Prometer algo a Deus com a intenção de nos obrigarmos.
Prometemos algo especialmente grato a Deus sob apena de pecado. Neste caso,
Deus não é mera testemunha, é também destinatário do que prometemos fazer.
Um
voto pode ser privado ou público. Por exemplo, uma pessoa pode
fazer o voto de ir ao santuário de Nossa Senhora Aparecida em agradecimento por
se ter curado de uma doença; outra que é solteira, pode fazer o voto de
castidade mesmo sem pertencer a uma ordem ou congregação religiosa. Mas é necessário
sublinhar que esses votos privados jamais podem ser feitos levianamente. Um
voto obriga sob pena de pecado, ou então não é voto nenhum. Violar um voto será
pecado mortal ou venial conforme a intenção de quem o faz e a importância da
matéria (ninguém pode obrigar-se a uma coisa sem importância sob pena de pecado
mortal). Mas ainda que esse alguém queira obrigar-se unicamente sob pena de
pecado venial, é uma obrigação demasiado séria para ser tomada levianamente.
Ninguém deveria fazer voto privado algum sem antes consultar seu confessor.
Voto
público é o que se faz perante um representante oficial da Igreja, como um
bispo ou um superior religioso, que o aceita em nome da Igreja. Os votos
públicos mais conhecidos são os que obrigam uma pessoa a plena observância dos
conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência dentro de uma
comunidade religiosa. Daquele que faz estes três votos publicamente, diz-se que
“entra em religião”, que abraçou o estado religioso. É assim que a mulher se torna
freira, monja ou irmã leiga, e um homem frade, monge ou irmão leigo. Se um
religiosos recebe, além disso, o sacramento da Ordem, será um religioso
sacerdote.[i]
Bênçãos e maldições
“Bendizei os que vos perseguem, bendizei-os, e não
amaldiçoeis.” (Rm 12,14)
Uma
reflexão variante deste segundo mandamento esta associado ao ato de amaldiçoar.
Amaldiçoar significa desejar o mal a
uma pessoa, lugar ou coisa. Esta traz consigo o abuso e desrespeito do nome de
Deus: “Deus te amaldiçoe”, por exemplo, que a mesma coisa que dizer “Deus te
mande para o inferno”. É evidente que uma maldição desse estilo seria pecado
mortal se fosse proferida a sério. É um ato grave, pois vai contra o desejo
divino de salvar. É também um pecado grave contra a caridade, que nos obriga a
desejar e a pedir a salvação de todas
as almas, não a sua condenação eterna.
Normalmente,
uma maldição assim surge da ira, da impaciência ou do ódio, e não a
sangue-frio; quem a profere não o faz a sério. Mas cada vez que desejo o mal a
alguém, sou culpado de ter amaldiçoado. O erro não está nas palavras em si; o
pecado real é o ódio, a ira, a impaciência. O principio geral é que, se o mal
que desejamos é grave, e o desejamos a sério, o pecado é mortal. Se desejamos
um mal pequeno (“Gostaria que lhe amassassem o carro e lhe dessem uma lição”),
o pecado será venial. E, como já se disse, um mal grave desejado a alguém é
apenas pecado venial quando falta premeditação.
Se
nos recordamos de que Deus ama tudo o que saiu das suas mãos, compreenderemos
que é uma desonra a Deus amaldiçoar qualquer das suas criaturas, ainda que não
sejam seres humanos. No entanto, os animais e as coisas inanimadas têm valor
incomparavelmente inferior, pois não possuem alma imortal. E, assim, o fã das
corridas de cavalo que grita :”Oxalá esse cavalo quebre as pernas!”, ou o
encanador que amaldiçoa com um “o diabo que te carregue!” o cano entupido que
não consegue concertar, não comete necessariamente um pecado.
É
importante formar retamente as consciências dos filhos em matéria da má língua,
mas compreendemos que nem tudo o que chamamos palavrão é um pecado e não se
deve dizer às crianças que é pecado aquilo que não é (por exemplo, “diabos” ou
“maldito”). Muitas vezes o linguajar pode ser deselegante, grosseiro, mas não é
certamente linguagem pecaminosa. Devemos orientá-los a respeito para que
compreendam a inconveniência do uso das mesmas, mas não aplicar correções tipo
“isso é pecado”, “Deus vai castigá-lo”. Passa-se uma idéia distorcida de Deus e
confunde a formação de sua consciência. O pecado é um mal suficientemente grave
e terrível para ser utilizado como bicho papão no ensino das boas maneiras aos
meninos.
Na
blasfêmia, há diversos graus.
Às vezes, é a reação não premeditada de contrariedade, dor ou impaciência
perante um contratempo: “Se Deus é bom, como permite isto?” “Se Deus me amasse,
não me deixaria sofrer tanto”. Outras
vezes, blasfema-se por frivolidade: “Este é mais esperto que Deus”, “Se Deus o
leva para o céu, é que não sabe o que está fazendo”. Mas também pode ser
claramente anti-religiosa e até proceder do ódio a Deus: “Os evangelhos são um
conto de fada”, “A missa é uma conversa”, e chegar a afirmar: “Deus é um mito,
uma fábula”. Neste último tipo de blasfêmia há, além disso, um pecado de
heresia e de infidelidade. Sempre que uma expressão blasfema implica em negação
de uma determinada verdade de fé, como, por exemplo, a virgindade de Maria ou o
poder da oração, além de pecado de blasfêmia, há um pecado de heresia (uma
negação da fé, em geral, dentro das condições que vimos acima, é um pecado
grave de infidelidade).
Por
natureza, a blasfêmia é sempre pecado mortal, porque sempre supõe uma grave
desonra a Deus. Só quando não há suficiente premeditação ou consentimento é que
é venial, como seria o caso de proferi-la sob uma dor ou uma angústia grandes.
Neste
mandamento, como em todos os outros, abster-se de pecado é apenas metade do
quadro. Não podemos limitar-nos a evitar o que desagrada a Deus; também devemos
fazer o que lhe agrada. De outro modo, a nossa religião seria como um homem sem
perna nem braços direitos. Assim sendo, de modo positivo, devemos honrar o nome
de Deus, sempre que tenhamos que fazer um juramento necessário. Nestas
condições, um juramento é um ato de culto agradável a Deus e meritório. E o
mesmo ocorre com os votos; a pessoa se obriga com um voto prudente, sob pena de
pecado, a fazer algo grato a Deus, faz um ato de culto divino, um ato da
virtude da religião. E cada ato derivado desse voto é também um ato de
religião.
São
muitas as ocasiões de honrar a Deus. Quando reverenciamos discretamente o nome
de Jesus ou fazemos um ato de reparação interno quando se falta ao respeito
devido ao nome de Deus ou de Jesus na nossa presença. Há também atos públicos
como os louvores que se costumam rezar depois da bênção do Santíssimo
Sacramento. Procissões, peregrinações, encontros em ocasiões especiais são
testemunhos públicos. Quando a divindade de Cristo ou a glória de sua Mãe é a
razão primordial dessas manifestações públicas, a nossa participação ativa
honra a Deus e o seu santo nome, e Ele a abençoa.
Mas
o essencial é que, se amamos a Deus de verdade, amaremos o seu nome e, consequentemente,
nunca deixaremos de pronunciá-lo com amor, reverência e respeito. Se tivermos o
habito infeliz de usá-lo profanamente, pediremos a Deus esse amor que nos falta
e que tornará o uso irreverente do seu nome amargo como quinino nos lábios.
O Terceiro Mandamento
“Que se faça do dia de sábado um memorial, considerando-o
sagrado. Trabalharás durante seis dias, fazendo todo o teu trabalho, mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. (...) Eis porque o Senhor abençoou o
dia de sábado e o consagrou”. (Ex 20, 8-10)
O
dia do Senhor é uma conseqüência lógica do nosso ser criatural que exige que
reconheçamos a nossa absoluta dependência de Deus e agradeçamos a sua bondade
para conosco. Sabemos que, na prática, é impossível ao homem médio manter-se em
constante atitude de adoração, e por isso é natural que se determine o tempo ou
tempos de cumprir esse dever absolutamente necessário. De acordo com essa
necessidade, estabelece-se um dia em cada sete para que todos os homens, em
todos os lugares, rendam a Deus a sua homenagem consciente e deliberada que lhe
cabe por direito[ii].
Para
nós cristãos, a santificação do domingo se dá, sobretudo, participando do santo
Sacrifício da Missa. A Missa é o ato de culto perfeito que Jesus nos deu para
que, com Ele, pudéssemos oferecer a Deus a honra adequada. (CIC ns. 2180-1; cf.
também o n. 2182). Em sentido religioso, sacrifício é a oferenda a Deus de uma
coisa que de algum modo se destrói, ofertada em benefício de um grupo por
alguém que tem o direito de representá-lo. Desde o começo da humanidade e entre
todos os povos, o sacrifício foi a maneira natural que o homem achou para
prestar culto a Deus. Mas todos esses sacrifícios tinham um grande defeito:
nenhum deles tinha grandeza nem valor divinos, mas apenas humanos. Mas, com o
sacrifício da Missa, Jesus nos deu uma oferenda realmente digna de Deus, um dom
perfeito de valor adequado a Deus: o dom do próprio Filho de Deus, igual ao
Pai. Antes de oferecer-se no calvário, Ele já havia se dado aos discípulos no
Cenáculo em um rito que se perpetuaria pelos séculos até a Sua vinda.
É
nos pedido uma hora para participar da Missa, podemos dedicar a Ele mais tempo,
mas a única obrigação estrita em matéria de culto é participar da Missa aos
domingos e festas de guarda. Se tivermos isso em conta, compreenderemos a razão
pela qual faltar à Missa dominical deliberadamente é um pecado mortal.
Compreenderemos a radical ingratidão que existe na atitude de certas pessoas
‘muito ocupadas’ ou ‘muito cansadas’ para ir à missa, para dedicar a Deus essa
única hora que Ele nos pede; dessas pessoas que, não satisfeitas com as 167
horas que já têm, roubam a Deus os sessenta minutos que Ele reservou para Si.
Vê-se claramente a falta de amor e, mais ainda, de um mínimo de decência, que
mostra aquele que nem sequer tem generosidade de reservar uma hora da sua
semana para unir-se a Cristo e adorar adequadamente a Santíssima Trindade de
Deus, agradecer-lhe os benefícios durante a semana transcorrida e pedir a sua
ajuda para a semana que começa.
Não
temos obrigação apenas de participar da Missa, mas de participar de Missa
inteira. Não se deve perder nenhuma parte importante como toda liturgia da
palavra, a Consagração; será quase o mesmo que omitir a Missa toda, e o pecado
será mortal se a nossa falta tiver sido deliberada, ou seja, devida a má
vontade ou negligência consciente. Omitir uma parte menor da Missa – por
exemplo, chegar depois da primeira ou segunda leitura ou sair antes da bênção
final – é pecado venial, a não ser que o atraso seja involuntário (um
engarrafamento inesperado) ou a saída antes da bênção se deva a alguma
obrigação importante. É uma coisa de que devemos lembrar-nos, se temos
tendência a demorar em vestir-nos para ir à Missa ou a sair antes de terminar
para evitar ter de esperar que a multidão se disperse. A missa é uma oferenda
semanal a Deus, e a Deus não se pode oferecer algo incompleto ou defeituoso.
Para
cumprir essa obrigação, temos que estar fisicamente presentes na Missa, a fim
de nos integrarmos na comunidade. Não se pode satisfazer esse dever seguindo a
Missa pela televisão ou da calçada oposta à Igreja, quando há lugar dentro. O
que não se aplica quando a mesma está lotada. Devemos estar presentes também
mentalmente. Ter a intenção de participar e também uma certa idéia do que se
está celebrando.
O
nosso amor a Deus levar-nos-á a colocar o nível em que participamos da missa
acima do que é pecado. Chegando cedo, participar até o final. Faltaremos apenas
por uma razão grave: doença, tanto própria como de alguém de quem devamos
cuidar; pela excessiva distância ou por falta de meio de locomoção, por uma
situação imprevista e urgente que tenhamos de enfrentar.
O
descanso é algo que faz parte do domingo, além do culto devido. Temos
necessidade de aliviar a monotonia quotidiana, de um tempo para desfrutar deste
mundo que Deus nos deu, cheio de beleza, conhecimentos, companheirismo e
atividade criadora. (CIC 2185-6)
[i]
Há uma distinção que às vezes não se sabe fazer: é a que existe entre os sacerdotes seculares e os religiosos. Obviamente, não é preciso
dizer que esta distinção não significa que uns sejam religiosos e outros
irreligiosos... Significa que os sacerdotes religiosos, além de sentirem uma
chamada para a vida religiosa, sentiram a vocação para o sacerdócio. Entraram
para uma ordem religiosa, como a dos beneditinos, dos dominicanos ou redentoristas;
fizeram o noviciado religioso e pronunciaram os três votos de pobreza,
castidade e obediência. Depois de se terem tornado religiosos, estudaram
teologia e receberam o sacramento da Ordem. Chamam-se religiosos sacerdotes porque abraçaram o estado religioso e vivem
como membros de uma ordem ou congregação de religiosos.
Há jovens que se sentem
chamados por Deus ao sacerdócio, mas não a uma vida religiosa/comunitária, como
membros de uma ordem religiosa ou congregação. Um jovem assim manifesta o seu
desejo ao bispo da diocese, e, se possui as condições necessárias, o bispo
envia-o ao seminário diocesano, onde fará estudos de grau médio, e, a seguir,
estudará teologia. A seu tempo, ser persevera e é idôneo, receberá a ordenação,
far-se-á sacerdote, e será um sacerdote secular
(secular deriva da palavra latina saeculum,
que significa “mundo”), porque não viverá numa comunidade religiosa, mas no
mundo, entre as pessoas que serve. Também se chama sacerdote diocesano, porque pertence a uma diocese
e não a uma ordem de religiosos. O seu “chefe” é o bispo da diocese e não o
superior de uma comunidade religiosa. Quando é ordenado, promete obediência ao
bispo e, normalmente, enquanto viver, a sua atividade se desenvolverá dentro
dos limites da sua diocese. E faz o compromisso de castidade perpétua, ao
ordenar-se como diácono, que é o primeiro passo importante para o altar.
[ii]
Sabemos que, nos tempos do AT, esse dia do Senhor era o sétimo da semana, o
Sabat. Deus assim ordenou a Moisés no Monte Sinai. No entanto, quando Cristo
estabeleceu a Nova Aliança, a velha lei litúrgica caducou. A Igreja primitiva
determinou o que o dia do Senhor fosse o primeiro da semana, o nosso domingo.
Que a Igreja tenha o direito de estabelecer essa lei é verdade por muitas
passagens do Evangelho em que Jesus lhe confere o poder de prescrever leis em
seu nome.
A razão desta mudança do dia
do Senhor do sábado para o domingo reside em que, para a Igreja, o primeiro dia
da semana é duplamente santo. É o dia em que Jesus venceu o pecado e a morte e
nos assegurou a glória futura. É, além disso, o dia que Jesus escolheu para nos
enviar o Espírito Santo, o dia do nascimento da Igreja. Pode também ter havido
uma razão psicológica para que a Igreja tenha feito essa mudança: a de que o
culto hebreu do AT, que era preparação para o advento do Messias, havia
caducado. A religião cristã não era uma simples “revisão” do culto da sinagoga;
a religião cristã era o plano definitivo de Deus para a salvação do mundo, e
assim caiu sobre o sábado judaico o pano final. Os cristãos não seriam uma
“seita” a mais dos judeus: seriam um povo novo, com uma lei nova e um novo
Sacrifício.
No NT, não se diz nada da
mudança do dia do Senhor de sábado para domingo. Sabemo-lo exclusivamente pela
tradição da Igreja.