- Não
cometerás adultério (Ex 20,14; Dt 5,17)
- Não
cobiçaras a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu servo, nem
sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu
próximo (Ex 20,17)
Há
duas atitudes errôneas sobre o sexo, as duas bastante comuns. Uma é a do
moderno hedonista, daquele cuja máxima aspiração na vida é o prazer. O
hedonista vê a capacidade sexual como um objeto pessoal, de que não tem que
prestar contas a ninguém. Para ele (ou ela), a finalidade dos órgãos genitais é
a sua satisfação pessoal e a sua gratificação física, e nada mais. Essa atitude
é a do solteiro “farrista” ou da solteira “fácil”, que tem ligações amorosas,
mas jamais amor. É também uma atitude que se encontra com frequência entre os
separados e os divorciados, sempre em busca de novos mundos de prazer a
conquistar.
A
outra atitude errônea é a daquele que pensa que tudo que é sexual é baixo e
feio, um mal necessário que manchou a raça humana. Sabe, é claro, que a
faculdade de procriar deve ser usada para perpetuar a humanidade, mas, para
ele, a união física entre marido e mulher continua a ser algo sujo. Uma atitude
geralmente adquirida na infância por uma educação errada dos pais e mestres. E
esta tende a perpetuar-se. Esta idéia errada do sexo derruba muitos casamentos
que, de outro ponto de vista, seriam felizes.
A
diferença entre os sexos coloca diretamente homem e mulher participante do seu
poder criador, na realidade da necessária atração e união entre ambos, da
paternidade e maternidade, através das quais poderíamos compreender melhor a
paternidade divina, a sua justiça, a sua providência, e através da maternidade
humana, a ternura maternal de Deus, a sua misericórdia e compaixão; desse modo
preparava também o caminho para a santa maternidade de Maria e para que no
futuro entendêssemos melhor a união entre Cristo e a sua esposa, a Igreja. (cf.
CIC 2366).
O
exercício da faculdade de procriar pelos esposos não é pecado, como também não
o é procurar gozar o prazer do abraço conjugal. Pelo contrário, Deus uniu um
grande prazer físico a esse ato para garantir a perpetuação do gênero humano.
Se não surgisse esse impulso de desejo físico nem houvesse a gratificação do
prazer imediato, os esposos poderiam mostrar-se renitentes em usar essa
faculdade dada por Deus ante a perspectiva de terem que enfrentar as cargas de
uma possível paternidade. Sendo um prazer dado por Deus, desfrutá-lo não é
pecado para o esposo e a esposa, sempre que não se exclua dele, voluntariamente,
o fim divino. (cf. CIC 2368 e 2370)
Para
muita gente – e em algumas ocasiões para a maioria –, esse prazer dado por Deus
pode, porém, converter-se em pedra de tropeço. Por causa do pecado original, o
controle perfeito que a razão deveria exercer sobre o corpo e seus desejos,
está gravemente debilitado. Sob o impulso veemente da carne rebelde, surge uma
ânsia de prazer sexual que prescinde dos fins de Deus e das coordenadas que Ele
estabeleceu (dentro do matrimônio) para o ato sexual. Em outras palavras, somos
tentados contra a virtude da castidade.
Esta
é a virtude que Deus nos pede no sexto e nono mandamentos: “Não cometerás
adultério” e “não desejarás a mulher do teu próximo”. Assim como é pecado não
só matar, como também travar um duelo ou odiar; é pecado não só furtar, como
também danificar a propriedade alheia ou cometer fraude, do mesmo, é pecado não
só cometer fornicação – a relação carnal entre duas pessoas solteiras –, como
também praticar qualquer ação deliberada, como tocar-se a si mesmo ou tocar
outra pessoa, com o propósito de despertar o apetite sexual fora da relação
conjugal. É pecado não só desejar a mulher do próximo, como alimentar
pensamentos e desejos desonestos com relação a qualquer pessoa.
A castidade – ou pureza – é definida como
a virtude moral que regula retamente toda
a expressão voluntária de prazer sexual dentro do casamento e a exclui
totalmente fora do estado matrimonial. Os pecados contra esta virtude
diferem dos que atentam contra a maioria das demais virtudes num ponto muito
importante: os pensamentos, palavras e ações contra a virtude da castidade, se
forem plenamente deliberados, são sempre pecado mortal.
A
matéria desta virtude difere da que é própria da virtude da modéstia. A
modéstia não é castidade, mas é a sua guardiã. A modéstia é uma virtude que nos
leva a abster-nos de ações, palavras ou olhares que possam despertar o apetite
sexual ilícito em nós mesmos ou em outros. As ações podem ser beijos, abraços
ou carícias imprudentes; podem ser formas de vestir atrevidas ou leituras de
escabrosos romances modernos. As palavras podem ser relatos sugestivos de cores
fortes, canções obscenas ou de duplo sentido. Os olhares podem ser os que
seguem os banhistas de uma praia ou que se concentram numa janela indiscreta, a
contemplação mórbida de fotografias ou desenhos em revistas, folhinhas ou na
internet. É certo que “tudo é limpo para os limpos”, mas também quem é limpo
deve evitar tudo aquilo que ameace a sua pureza.
Diferentemente
dos pecados contra a castidade, os pecados contra a modéstia podem ser veniais.
Os atentados contra esta virtude, que se proponham diretamente despertar um
apetite sexual ilícito, são sempre pecado mortal. Excluído estes, a gravidade
dos pecados contra a modéstia depende da intenção do pecador, do grau em que a
modéstia excite os movimentos sexuais, da gravidade do escândalo causado.
A
nossa cultura contemporânea apresenta diversos pontos fracos que requer
contínua atenção em se tratando da virtude da castidade. As novas formas de
convivência foram criando entre moças e rapazes uma maior intimidade
despertando o desejo sexual de forma prematura, sem falar na contínua exposição
provocada pela mídia em geral, e pelos novos conceitos apregoados por
educadores, psicólogos e sexólogos sem medir as consequências nos novos
problemas gerados.
Às
vezes, em momentos de grave tentação, podemos pensar que este dom maravilhoso
de procriar que Deus nos deu é uma bênção discutível. Em momentos assim, temos
que recordar duas coisas: primeiro, que não há virtude autêntica nem bondade
verdadeira sem esforço. Uma pessoa que nunca sofresse tentações não poderia
jamais ser chamada virtuosa no sentido comum (não no teológico) da palavra.
Deus pode, naturalmente, conceder a alguém um grau excelso de virtude sem a
prova da tentação, como foi o caso de Maria. Mas o normal é que uma pessoa se
torne virtuosa e adquira méritos para o céu precisamente pelas suas vitórias
sobre fortes tentações.
Também
devemos lembrar-nos de que, quanto maior for a tentação, maior será a graça que
Deus nos dará para resistir-lhe, se a pedirmos e aceitarmos, se lutarmos por
todos os meios ao nosso alcance. Deus nunca permite que sejamos tentados acima
de nossa capacidade de resistência (com a sua graça). Ninguém pode dizer:
“Pequei porque não pude resistir”. O que está ao nosso alcance é evitar os
perigos desnecessários; orar com constância, especialmente nos momentos de
fraqueza; frequentar a Missa e a Sagrada Comunhão; ter uma profunda e sincera
devoção Maria, Mãe puríssima.
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