“Fala com Sabedoria, ensina com Amor”
(cf. Pr 31,26)
Siglas:
CF = Campanha da Fraternidade
DoCat = Doutrina Social da Igreja em
Linguagem jovem.
Apresentação:
A
Campanha da Fraternidade (CF) 2022 nos convida a refletir sobre a indispensável
relação entre fraternidade e educação. Já tendo, por duas vezes, se debruçado
sobre essa relação (1982 e 1998), a realidade de nossos dias fez com que o tema
educação recebesse destaque, dentre os vários sugeridos e fosse escolhido para
mais uma CF.
De
fato, o mundo e nele o Brasil estão diante de um desafio: redescobrir caminhos
para uma reconstrução que não é parcial, mas global; que não atinge somente
alguns aspectos, mas deve chegar às raízes do modo como as pessoas e os povos
compreendem e organizam a totalidade da vida.
Trata-se,
portanto, de uma CF em forte linha de continuidade com os temas que vêm sendo
propostos pelo menos desde 2018, quando éramos convidados a encontrar caminhos
para a superação da violência. Esses caminhos passam por políticas públicas (CF
2019), fundadas na ética do cuidado (CF 2020), em profunda atitude de diálogo
(CF 2021). Nada disso poderá, entretanto, ocorrer se não se considerar a
importância da educação: educar-nos para o cuidado dialogal, nas relações
interpessoais, e para o compromisso socioambiental; educarmo-nos para a
redescoberta das motivações mais profundas ao próprio ato de educar.
Essa
é a razão pela qual, em 2022, mais que abordar um ou outro aspecto específico
da problemática educacional, a CF nos convoca a refletir sobre o fundamento do
ato de educar. Esta opção não implica o distanciamento das questões mais
concretas e urgentes no campo educacional. Há de fato inúmeros passos a serem
dados, escolhas a serem feitas, com ratificação ou ajustamento de rumo. Cada
uma dessa concretizações, porém, exige o discernimento dos motivos pelos quais
são realizadas, fazendo, assim, emergir um CF que nos leva a alargar o
horizonte de nossa compreensão a respeito da educação, entendida não apenas
como ato escolar, como transmissão de conteúdos ou preparação técnica para o
mundo do trabalho. Estes são aspectos importantes, porém não os únicos. A CF
nos adverte que mais importante e urgente é a pergunta pelos motivos, pela abrangência
e pelas metas de qualquer processo educativo.
Em
face a tudo isso, a CF nos recorda que educar não é um ato isolado. É encontro
no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da
família, da escola, da Igreja e de toda a sociedade. Afinal, como ensina o
conhecido provérbio de origem africana, “é preciso uma aldeia para se educar
uma criança”.
Introdução
Quaresma
é tempo favorável para a conversão do coração. Converter-se é também sair do
individualismo, romper com a indiferença, vivendo a solidariedade em diálogo e
como compromisso de amor. Coração transformado pelos exercícios espirituais que
nos conduzem à celebração da Páscoa de Jesus Cristo. Um convite à transformação
interior que tem incidências concretas no cotidiano.
Desde
1964, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade como um dos modos
de viver a espiritualidade quaresmal. Uma Campanha que contribui para uma
mudança de vida profunda que nos leva, não somente a pedir a Deus perdão por
nossos pecados, mas a unir forças na construção de uma sociedade que
corresponda à mensagem do Evangelho (cf. Mc 1,15).
A
CF tem como grande objetivo despertar a solidariedade dos fiéis em relação a um
problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de
solução à luz do Evangelho. A cada ano é escolhido um tema, que define a
realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção
se busca a transformação. O Evangelho possui uma irrenunciável incidência
social. ‘Deus está interessado no bem-estar completo do homem, e por isso
também no desenvolvimento da comunidade na qual o homem participa de muitos
modos’ (DoCat, n.26).
Em
2022, os bispos do Brasil nos fazem um convite de singular importância: à luz
da fé, queremos refletir sobre a educação em nosso país, convictos de que ela é
indispensável para a construção de um mundo mais justo e fraterno. Somos
convidados a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a
Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam
processos mais adequados e criativos a fim de que ninguém seja excluído de um
caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações
de proximidade, justiça e paz. A educação é um indispensável serviço à vida.
Ela nos ajuda a crescer na vivência do amor, do cuidado e da fraternidade.
Em
um tempo marcado pela pandemia da covid-19 e por diversos conflitos,
distanciamentos e polarizações, é preciso reaprender a amar, a perdoar, a
cuidar, a curar, a dialogar e a servir a todos. Educar é construir a verdadeira
fraternidade alicerçada na justiça e na paz. Isto será possível à medida em que
Cristo, que nos liberta do egoísmo, for tudo em todos (1Cor 15,22).
1. Discípulo da Palavra
O
cartaz da Campanha desse ano nos remete à cena entre Jesus e a mulher adultera
(Jo 8,1-11). Aqui o texto base faz uma longa e bela reflexão para situar-nos no
estilo de Jesus, de conduzir à sabedoria do coração àqueles que condenavam a
mulher, só a mulher. Jesus se curva, como os escribas se curvavam sobre os
textos sagrados, e começa a escrever com o dedo no chão. É a única vez que a
Bíblia apresenta Jesus escrevendo.
A
Lei, a Torá, era para os judeus o que nós chamamos de educação. São Paulo diz
que a Lei foi para ele um pedagogo, uma educadora (Gl 3,24-25). Naquele tempo,
os pedagogos educavam principalmente através do castigo, da punição. Na
história da mulher adúltera opõem-se duas pedagogias, duas formas de educar, a
daqueles que se restringem ao que está escrito, sem levar em conta a pessoa e
suas circunstâncias, e daqueles que olham para a pessoa com sabedoria e amor,
como fez Jesus. O que está escrito é importante, mas a forma de ler o que está
escrito e decisiva para avançar no caminho da vida.
Jesus
educador, entra naquela realidade conflitiva. Enxerga criteriosamente o
problema, escuta e sente o pavor daquela mulher e os argumentos dos seus
justiceiros. Jesus não polemiza, não acirra ânimos, não pensa o problema de
modo isolado. Antes, procura escutar em silêncio o que dizem. Depois, em
diálogo, conduz pedagogicamente todas as partes envolvidas para que sintam e
reflitam sobre as fragilidades humanas, às quais todos estão sujeitos. Quando
todos aprendem a complexidade da própria situação em que estão envolvidos, as
atitudes e a realidade se transformam.
Educação
não é condicionamento ou adestramento. É conduzir e acompanhar a pessoa para
sair do não saber, rumo à consciência de si mesma e do mundo em que vive. É
tornar a pessoa consciente, para que se torne sempre mais sujeito de seus
sentimentos, pensamentos e ações. Isto vale tanto para crianças como para
adultos, uma vez que a própria vida se encarrega de nos trazer oportunidades de
aprendizagens em qualquer etapa. Uma pessoa se torna sujeito na medida em que
pode dialogar com outras, percebendo que é levada à sério, que é escutada e
amada.
A
Igreja sempre valorizou a ciência e o conhecimento, inclusive o conhecimento
técnico e científico, muitas vezes atacado e menosprezado, por meio do qual
participamos da obra da criação. No entanto, não se pode reduzir a educação
apenas à transmissão de conhecimentos. A sociedade, muitas vezes violenta e
injusta, necessita de algo a mais do que apenas o ensino que muitas vezes é
oferecido com meros objetivos utilitários.
À
luz da Palavra de Deus, a CF quer nos ajudar a compreender duas lições sobre o
ato de educar: a primeira diz respeito ao valor da pessoa como princípio de
educação. A segunda de refere ao ato de correção, que é conduzir ao caminho
reto. Não é repressão, mas é orientar a pessoa no caminho de uma vida
transformada, verdadeiramente convertida à luz da verdade, pois: ‘A paz anda de mãos dadas com a justiça, a
justiça com o direito, e o direito com a verdade’ (Cardeal Laurent
Monsengwo).
Objetivo Geral
Promover
diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã,
propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.
Objetivos Específicos
1. Analisar o contexto da educação na
cultura atual, e seus desafios potencializados com a pandemia.
2.
Verificar
o impacto das políticas públicas na educação.
3.
Identificar
valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma
educação humanizador na perspectiva do Reino de Deus.
4.
Pensar
o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo,
com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino.
5.
Incentivar
propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana,
a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado coma casa comum.
6.
Estimular
a organização do serviço pastoral junto a escolas, universidades, centro
comunitários e outros espaços educativos, em especial das instituições
católicas de ensino.
7. Promover uma educação comprometida
com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a
serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.
2. Escutar
O
que escutamos e como escutamos orienta o nosso fazer cotidiano e a própria
sociedade: escutar é uma condição para nossas relações, para a compreensão do
que se passa, para o diagnóstico dos caminhos que devemos tomar e,
especialmente, escutar é uma condição para falar com sabedoria e ensinar amor.
Escutar o outro, como Jesus nos demonstrou em toda sua pedagogia, é ponto de
partida para acolher, compreender, problematizar e transformar a realidade.
É
fundamental uma pedagogia da escuta, que rompa com o paradigma de pedagogias
silenciadoras. O silêncio e escuta interiores, que encaminham àquela reflexão
serena e as sabedorias compartilhadas, nada têm a ver com o silenciamento que
oprime e aliena e que nem sempre estão ausentes no processo educacional.
A
realidade também nos fala através dos acontecimentos, das tendências, tensões
sociais, demonstrações de ações de solidariedade, enfim, através de seus
avanços e recuos. Escutar a realidade que nos fala é recuperar a percepção dos
sinais dos tempos. Escutar a realidade significa o esforço de compreender seus
gritos e silêncios, seus excessos e ausências. A escuta, na esteira da
pedagogia de Jesus, não orienta os ouvidos somente para os sons que nos
interessam. É uma escuta integral, com o ouvido e com o coração, que buscam a inteireza
da realidade com tudo o que ela pode trazer. E, a partir dessa escuta, perceber
a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher.
Para
escutar o ‘todo’ é necessário não se perder diante de ‘tudo’. Se a falta de
informações, de notícias verdadeiras e falsas, de certezas sobre opiniões,
constitui um desafio para o bem escutar, ou seja, para escutar o conteúdo essencial
de um presente tão ruidoso. Um exemplo desse desafio nós vivemos durante a
pandemia da covid-19. Um tempo exigente, de muitos acontecimentos simultâneos e
de muito sofrimento. A pandemia e a forma que conseguimos reagir como sociedade
é reveladora do que conseguimos e do que não conseguimos escutar da realidade
de nós mesmos.
Da
pandemia da covid-19 nos cabe tirar as lições e os compromissos para o presente
e o futuro. Aprender lições com a vida é imperativo para todos os educadores:
pais, professores, lideranças comunitárias e religiosas. Educar, antes de dar
lições, é aprender com as lições cotidianas e com as crises. Precisamos
aprender para passar pelas crises e para enfrentar suas futuras versões de
forma mais qualificada. Se as crises são, de certa forma, uma constante na
sociedade, o aprendizado também precisa ser. Aprender não é só uma capacidade
humana, mas é condição da nossa própria humanidade. “A tribulação, a incerteza,
o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem
ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a
organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência”
(Fratelli Tutti n. 33).
Aprendemos
com mais facilidade sobre as coisas, mas não temos o mesmo desempenho para
aprender sobre nós mesmos. Esse segundo aprendizado é mais exigente e necessita
do reconhecimento de nossos traços culturais, das formas com que nos
aproximamos e resolvemos os problemas em sociedade. Retomando o que foi vivido
e, em especial, a forma que encontramos para solucionar os desafios colocados
pela crise, podemos reconhecer um novo aprendizado, que aponta algumas
tendências da sociedade. “Se tudo está interligado, é difícil pensar que este
desastre mundial não tenha a ver com a nossa maneira de encarar a realidade’
(Fratelli Tutti n. 34). Não nos esqueçamos das lições da história, mestra da
vida.
Uma
tendência deve ser intensificada como efeito de tudo que vivemos nos últimos
dois anos: a necessidade de retomar e reconstruir projetos. Essa intensificação
é percebida em cada um de nós, nas famílias, nos espaços escolares, nas
organizações empresariais e no discurso político. O tema da reconstrução é
sempre recorrente em momentos de superação das grandes crises. Neste momento
histórico, a retomada dos projetos de vida está acompanhada por discursos sobre
a necessidade de redescobrir o propósito de vida, redefinir metas e empreender
soluções.
Como
nos alerta o Papa Francisco: “Hoje, um projeto com grandes objetivos para o
desenvolvimento de toda a humanidade soa como como um delírio. (...) Cuidar do
mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos
nos construir com um ‘nós’ que habita a casa comum” (Fratelli Tutti n. 16-17).
É necessário educar para reverter essa tendência de esvaziamento do coletivo e
da crise do compromisso comunitário. A ilusão do individualismo se fortalece em
uma distorção da noção de individualidade e de uma ilusão com vários projetos
coletivos, em especial no campo das políticas públicas e no exercício do nosso
modelo de representação política. Apesar de compreensível, não é o melhor
caminho trocar uma desilusão do coletivo por uma nova ilusão individualista.
“O
individualismo não nos torna mais livres, mais iguais, mais irmãos. A mera soma
dos interesses individuais não é capaz de gerar um mundo melhor para toda a
humanidade. Nem pode preservar-nos dos tantos males, que se tornam cada vez
mais globais. Mas o individualismo radical é o vírus mais difícil de vencer.
Ilude. Faz-nos crer que tudo se reduz a deixar a rédea solta às próprias
ambições, como se, acumulando ambições e seguranças individuais, pudéssemos
construir o bem comum” (Fratelli Tutti n. 105).
Viver,
em qualquer tempo histórico, é também conviver com o imprevisível e com as
ambiguidades da vida. Uma postura esperançosa na capacidade humana de aprender
com a vida e transformá-la não é uma postura que recusa a ambiguidade da
experiência humana, seus desafios e contradições, mas que, diante dessa
ambiguidade, reafirma a esperança em aprender, construir e reconstruir o melhor
possível: recolher da realidade os sinais de Deus e nos orientar na caminhada,
não buscando rotas de fuga da realidade para evitar suas contradições, mas
mergulhando nessas mesmas contradições e buscando reconciliar o nosso passo na
caminhada com o projeto de Deus que nos inspira. Reconciliação essa que é um
exercício tão constante como o próprio ato de caminhar.
- Formação humana e papel da educação.
A
formação humana integral nos conduz a refletir sobre as diversas formas de
educar e de construir as comunidades humanas, as sociedades e as civilizações,
tecidas universalmente pelas relações pessoais e coletivas. A educação, em
sentido amplo, abrange pertencimento e a participação dos sujeitos no mundo, de
modo integral e solidário.
Nessa
direção, a educação para a formação integral parte do reconhecimento mútuo
entre as realidades sociais, culturais, econômicas, nas quais cada pessoa é
levada a ampliar suas competências críticas em relação às suas próprias
condições reais. Por essa razão, precisam ser pensadas novas formas de educar
não baseadas em uma racionalidade técnico-utilitária, mas sim, em um
reconhecimento básico: o ato educativo pressupõe ações amplas e complexas que
demandam um reconhecimento do lugar que a pessoa ocupa na sociedade em que está
inserida, tornando-se um agente que contribua com o desenvolvimento de uma nova
cultura do acolhimento.
O
humanismo, o tecnicismo, a solidariedade, o egoísmo e tantas outras
características da sociedade são frutos, também, de um tipo predominante de
educação, de uma determinada seleção curricular e metodológica. Dessa forma, as
nossas opções na educação, a partir de seus vários contextos educativos, são
aperitivos daquilo que viveremos em sociedade.
Todos
esses elementos até aqui sinalizados são alguns exemplos de um currículo do
nosso tempo. Não devemos percebê-lo como algo que deve ser transformado somente
em conteúdo escolar, provas e testes, mas em um conteúdo de vida. Um conteúdo
que deve ser acolhido em todos os nossos contextos educativos: família, Igreja,
organizações sociais, na Educação Básica, Educação Superior, entre outros. Cada
contexto educativo possui sua particularidade, seus desafios e sua contribuição
potencial para construção de uma sociedade mais fraterna.
Os
pais são os primeiros, mas não os únicos, educadores de seus filhos. Além dos
pais e da família, uma aldeia inteira tem a capacidade de educar. Entretanto,
no século XXI, essa aldeia é formada por uma imensa rede social, que tem
abrangência global e plasma um novo jeito de viver. Há espaços sociais que
historicamente se organizaram e que são importantes lugares formativos: igreja,
comunidades, associações, onde as pessoas se organizam, exercem liderança,
atuam pastoralmente, crescem espiritual e humanamente, celebram sua vida e
aprofundam a sua fé. Evidentemente, pode haver ambiguidades e contradições em
todas as organizações e espaços sociais, entretanto, a origem, a atribuição e a
finalidade de cada um dos espaços sociais visam educar as pessoas para a vida
em sociedade.
As
artes e a literatura também são educativas, pois ajudam a interpretar o mundo
pela ótica estética. O teatro, a música, a dança, a pintura, a escultura, uma
boa leitura e algumas das dimensões da arquitetura, do design, da publicidade,
possuem uma linguagem singular, que eleva o espírito humano e o projeto
civilizatório. Uma sociedade que se fecha em um projeto educativo apenas
técnico, pragmático e utilitário, empobrece o horizonte existencial das pessoas
e anula a sua capacidade criativa.
Em
meados do século XX, os Meios de Comunicação Social passaram a exercer enorme
influência na vida pública e no modo das pessoas enxergarem e sentirem a vida.
Dentre tais meios, a partir da década de 1970, a televisão ocupou um lugar
central nas casas das famílias, conquistando lugar de destaque na sala e,
depois, foi instalada mesmo nos quartos. Hoje, a qualidade técnica e a
instalação de televisores se aperfeiçoou, diversificou e expandiu ainda mais.
Mais que a influência da televisão, embora a ela integrada, a geração do novo
milênio foi impactada pela internet, em todas as suas faixas etárias.
Introduziram-se um novo jeito virtual de viver, plasmou-se um novo ritmo de
tempo, uma nova percepção de distância e um novo modo de viver as relações
humanas. Das crianças aos idosos, muitos ficam ligados permanentemente on-line.
Muitos novos desafios, sobretudo éticos, políticos, pedagógicos e psicoculturais,
são vividos por essas novas realidades virtuais emergentes.
Também
nestes espaços virtuais pode ser exercida uma prática educativa que orienta o
intercâmbio fecundo, a gratuidade que acolhe, a valorização do conteúdo com
sabor local, a abertura ao horizonte universal, a superação do narcisismo
bairrista, a inclusão dos mais frágeis e dos pobres. São espaços para o diálogo
social, para a troca de opiniões exaltadas e os monólogos agressivos que
avançam em paralelo. São possibilidades para o encontro e a amizade social,
sustentados pela disposição de abertura à verdade, trabalho pela paz, perdão
que supera o ímpeto de vingança, memória que mantém a lembrança dos erros e
vigilância para não repetir novas atrocidades na história.
Eis,
aqui, um belo itinerário para os nossos projetos educativos e um conteúdo
programático para todos que educam. E, para isso, a instituição escolar tem um
papel insubstituível. Ela não substitui o contexto educativo da família, nem é
o único espaço social onde se faz educação. Mas é um lugar onde, de modo
sistemático, articulado e especializado, se faz a educação formal e se capacita
para a cidadania, o trabalho e as complexas relações sociais. Nesse contexto,
não há dúvidas de que o professor é o profissional por excelência da educação e
a escola um indispensável ambiente de aprendizado. Por fim, tanto a educação
formal e informal, presencial e virtual, devem promover a liberdade da pessoa
humana. Educar é humanizar. A educação é um ato de amor e esperança no ser
humano.
- Educação formal no Brasil: um projeto inconcluso.
A
educação formal no Brasil possui avanços significativos nas últimas décadas,
mas ainda enfrenta desafios naturais. Organizar um sistema educacional
considerando a extensão geográfica e a diversidade regional do nosso país é um
dos grandes desafios. Outro desafio é a superação da dívida histórica de
escolaridade da população, em especial, dos setores mais populares da
sociedade. Esse é um dever de casa que a educação brasileira ainda não
conseguiu concluir.
Para
além do desafio do acesso, outro aspecto que marca o nosso projeto inconcluso
de escolarização e a dívida histórica do país é a qualidade da educação
ofertada. É importante destacar que acesso sem qualidade é um simulacro de
acesso. Os avanços vividos nas últimas décadas na educação brasileira são
visíveis, porém insuficientes e vagarosos, em especial, para os segmentos da
população que esperam da educação de seus filhos uma oportunidade singular de
melhoria de vida e justiça social.
- A Educação Básica (O texto faz um
levantamento da Educação Básica segundo dados de 2020).
É
fundamental destacar que a educação pública no Brasil é responsável pela
maioria das matrículas na Educação Básica, o que torna mais premente os avanços
de acesso, permanência e qualidade. Uma educação pública inclusiva e de
qualidade é condição da justiça social que ainda carecemos no Brasil. Quando
não priorizamos a educação pública no Brasil, construímos uma dupla defasagem:
não enfrentamos uma dívida social histórica e prolongamos essa situação injusta
para as próximas gerações.
A
Educação Infantil, como primeira etapa da Educação Básica, ocupa grande
relevância no processo de desenvolvimento integral da criança em seu aspecto
físico, psicológico, intelectual e social. A educação na primeira infância é de
suma importância, pois, possibilita que a criança socialize e interaja
desenvolvendo suas habilidades.
O
levantamento das principais iniciativas das redes municipais de escolas são
exemplos do que possivelmente aconteceu na rede estadual, federal e privada.
Infelizmente, a desigualdade de condições e de construção das respostas também
ficaram evidentes, ampliando as desigualdades já vividas anteriormente no
sistema educacional e na sociedade brasileira como um todo. Os efeitos adversos
da pandemia na educação, como dificuldade de aprendizagem, evasão, exposição
das crianças em situação de vulnerabilidade, ainda serão mais bem compreendidos
no futuro próximo. O fundamental é que as respostas que serão construídas não
reproduzam as desigualdades já existentes.
Outro
aspecto que merece destaque é o processo de implementação de reformas
educacionais importantes no Brasil, como a implementação da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) e a reforma do Ensono Médio. Elas estavam sendo discutidas e
implementadas em um contexto de polarização política e instabilidade
institucional nos últimos anos e foram afetas, também, pela pandemia da covid-19.
A situação política e a pandemia não diminuem a necessidade das mudanças educacionais,
pelo contrário, a forma que reagimos na educação diante das crises é um sinal
de necessidade das mudanças. Essas mudanças na educação são necessárias e
urgentes e por isso precisam ser feitas com zelo e não somente para o
atendimento legal ou de disputas do calendário eleitoral. Porque são urgentes
precisam ser bem-feitas, caso contrário viveremos em uma sucessão de reformas
sem resultados efetivos.
Há
mais de 50 anos, a Igreja no Brasil se esforça para favorecer e criar meios de
superação do analfabetismo. Belo exemplo foram as escolas radiofônicas, o
nascimento do Movimento de Educação de Base (MEB), que unia instrumento de
comunicação, prática regional e valorização da pessoa como protagonista no
processo de aprendizagem. Esta e tantas outras iniciativas demonstram o empenho
da Igreja e seu compromisso com a educação.
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018,
havia 11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade. Se
todos residissem na mesma cidade, este lugar só seria menos populoso que São
Paulo. Não obstante os esforços da Igreja, da sociedade civil e de iniciativas
do Estado Brasileiro, o analfabetismo ainda é um desafio. Segundo os dados da
Pesquisa Nacional por amostras de Domicílios Contínua (PNAD), os territórios
das regiões Norte e Nordeste concentram a maior taxa de analfabetos, 7,6% e 13%
respectivamente. Para mudar este cenário é necessário priorizar caminhos que
promovam uma educação pública de qualidade.
- As Escolas Católicas de Educação Básica.
As
Escolas Católicas, enquanto comunidade educativa, são lugares de encontro, da
educação integral da pessoa humana por meio do projeto pedagógico que tem seu
fundamento em Cristo, orientado para realizar uma síntese entre fé, cultura e
vida. Neste sentido, destaca-se a contribuição da Educação Católica, por meio
da excelência acadêmica, a partir das práticas pedagógico-pastorais, à luz de
uma ecoteologia, no processo de construção de uma sociedade sustentável e
respeitosa dos direitos humanos conduzindo a transição em direção a sistemas
verdadeiramente inclusivos que protejam a nossa casa comum.
As
redes de ensino católicas têm contribuído com a formação contínua dos
educadores apoiando-os no seu desenvolvimento pessoal, cognitivo, emocional e
profissional, que são alguns dos objetivos de uma educação cristã, integral,
integradora e transformadora. Educadores estes que levam os conhecimentos
adquiridos tanto para o campo de suas ações pessoais como para sua prática
docente, seja nas instituições públicas ou privadas.
- A Educação Superior.
A
Educação Superior é decisiva para formação de pessoas para o mercado de
trabalho para o desenvolvimento das sociedades. É uma grande conquista das
civilizações e um dos lugares mais importantes para o desenvolvimento humano,
cultural, científico e tecnológico. Por isso, com muita razão, os pais sonham
que os seus filhos possam concluir um curso superior e as crianças, desde cedo,
quando dizem que sonham fazer na vida, já sinalizam que precisarão se capacitar
em uma instituição universitária.
De
fato, a Educação Superior é um dos principais caminhos para que as pessoas se
capacitem à liderança social. Inclusive em nossas comunidades, paróquias e
dioceses, os próprios diáconos, padres e bispos, para exercerem esses
ministérios na Igreja, primeiro estudaram durante muitos anos em cursos de
graduação e alguns deles também em cursos de mestrado e doutorado.
Dados
do Censo de Educação Superior (divulgados em outubro de 2020) indicam que no
ano de 2019 havia 8.604.526 estudantes matriculados em cursos de graduação, no
Brasil. Parece bastante, mas isso significa que apenas 21,4% dos jovens, com
idade de 18 a 24 anos, estão matriculados em um curso superior.
- Professores e gestores em sua missão de educadores.
Em
todos os tempos, os educadores tiveram desafios inerentes ao contexto social,
político e econômico, dentre outros. Na real atualidade, não é diferente. Nesta
era da complexidade, levantam-se demandas nos variados âmbitos que abrangem tanto
a organização educativa em suas opções pedagógicas quanto a pessoa e a
profissão do professor.
Aos
gestores, além das questões administrativas, financeiras e de toda ordem,
importa ter claro um modelo de educação que priorize o encorajamento ao aprendizado
e a construção de conhecimento significativos, que permitam a todos os atores
do processo educativo abrirem-se à aprendizagem como tarefa que nos acompanha
pela vida afora.
É
preciso uma séria reflexão sobre as questões relativas à educação de qualidade
social, a fim de ampliar a concepção focada apenas na escalada social
individual e descomprometida com as questões humanitárias e com o futuro da
sociedade onde vivem as pessoas. Urge aos responsáveis pelos programas
educativos pensar: que metodologias, práticas avaliativas e opções pedagógicas
e de constituição curricular permitiriam processos mais equânimes e inclusivos
em todos os âmbitos da educação formal? A precariedade a que estão sujeitas
algumas instituições públicas de ensino, com enfrentamento de dificuldades que
perpassam o uso inadequado de investimentos em pesquisas, extensão, até a falta
de recursos para o ensino, não pode ser ignorada.
Aos
professores, especialmente, protagonistas por excelência do ato educativo, e a
quem estão diretamente relacionadas as questões da metodologia do ensino, da
aprendizagem dos estudantes, de sua avaliação, impõem-se repensar o ato
educativo para além da já tradicional lógica das perguntas e respostas
pré-elaboradas e, muitas vezes, distantes da realidade. Criar formas de
interação e aprendizagem, a fim de que o processo de ensino-aprendizagem não
seja eficiente, mas sobretudo eficaz, auxiliando para que o aprendiz possa
apropriar-se dos conhecimentos, em espiral que contempla teoria e prática.
O
tema da atualização e do uso de tecnologias e educacionais é uma constante na
educação. A escola é chamada a rever constantemente os meios que utiliza para
facilitar os processos de aprendizagem. Nos últimos anos, as tecnologias
digitais ganharam grande relevância, que foi intensificada durante a pandemia
da covid-19. É importante considerar que o uso das tecnologias digitais possui
um grande potencial. As tecnologias podem muito, mas não podem tudo. É preciso
evitar a ilusão de uma solução mágica para todos os desafios da educação. É
fundamental também perceber outros dois aspectos: as tecnologias digitais
quando ofertadas de maneira desigual reforçam e qualificam a exclusão que se
espera superar. O segundo aspecto é que elas não devem ser percebidas como
artifício para diminuição do custo
professor no processo educacional. A educação pode ser facilitada por programas
e plataformas, mas a sua autoria deve ser centrada na ação humana.
A
proposta do Papa Francisco de um Pacto Educativo Global implica também, em
nível diminuto, que cada Instituição Educativa empreenda processos de diálogo e
aproximação com as famílias, propondo uma aliança em torno de uma educação para
a verdade, a solidariedade, o respeito às diferenças e a paz.
Pensar
a educação do século XXI é empenhar-se para transformar as Instituições
Educativas em comunidades aprendentes. Somente o compartilhamento de saberes
vai nos permitir alcançar tal meta. Trabalhar por uma educação que promova a
vida acima de qualquer outro valor, ajudando a resgatar a dignidade de cada
pessoa humana, em um exercício permanente de fraternidade e solidariedade
contribuirá para o surgimento e desenvolvimento de uma nova humanidade.
- Ensino Religioso
O
Acordo Brasil-Santa Sé (Decreto n. 7.107, art. 11, S 1º) assegura o Ensino
Religioso Católico e de outras confissões religiosas, portanto, podendo haver
um modelo não confessional e outro confessional, este segundo os referenciais
teológicos da sua tradição religiosa, assegurando a liberdade religiosa.
O
ensino religioso é essencial no componente curricular, como educação para a
construção da paz social, do diálogo respeitoso com a diversidade cultural e
também para valores humanos e espirituais, na percepção da busca humana à
transcendência.
O
ensino religioso ainda possibilita que cada pessoa compreenda e descubra que o
ser humano possui direitos fundamentais: a vida, a religião, o saber, a
apreciação estética, o trabalho, a amizade, a propriedade privada, entre
outros. Há uma responsabilidade de serviço ao próximo e senso de comunidade que
são fundamentais para a concretização da paz social, no diálogo respeitoso com
a diversidade cultural e para valores humanos e espirituais na percepção da
busca à transcendência. Como resume Santa Catarina de Sena: ‘se fores aquilo
que Deus quer, colocareis fogo no mundo’.
- Outros contextos educativos.
A
Constituição Federal, em seu artigo 205, ressalta que a educação é direito de
todos e dever do Estado e da família. Será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Ela é
um direito subjetivo, inalienável e que deve ser garantido a todos os
indivíduos. Entretanto, a educação existe mesmo onde não há escolas,
extrapolando os muros das instituições de ensino. A educação popular, social e
comunitária muito tem contribuído, em consonância com as instituições de
ensino, ao longo da história, para a potencialização das pessoas e comunidades,
como sujeitos de direitos e deveres. Ela se dá em uma sociedade democrática,
que diariamente luta por políticas públicas estruturais e de Nação que acabam,
pela sua existência ou ineficácia, em várias situações, ampliando a
desigualdade e a violência contra as infâncias, adolescências e juventudes.
O
contexto político-econômico-social que vivemos afetou a sociedade brasileira,
em seus diversos campos, ampliando assim, as lacunas referentes aos direitos de
momentos de aprendizagem dos estudantes na Educação Básica. No caso das
instituições de ensino formal houve o aumento da evasão e do abandono escolar,
perdas significativas de aprendizagem. Ocorreu também a ampliação da
desigualdade de acesso e permanência às oportunidades educacionais dos estudantes,
o aumento do número de reprovações, além do adoecimento emocional dos
profissionais da educação e dos estudantes. Quem mais tem sido impactado nos
territórios da educação, em escolas e nos espaços educacionais não formais,
foram e são os mais vulneráveis.
É
preciso fortalecer as redes de apoio aos territórios de vulnerabilidade para
que essas populações tenham as condições necessárias para sobreviver com
dignidade e garantir seus direitos sociais, principalmente nas favelas,
periferias, quilombos e nas comunidades indígenas, tendo respeitada sua
identidade.
É
necessária uma abertura e sensibilidade no que se refere à realidade das
pessoas que se encontram em uma situação de exclusão e tratamento
discriminatório. Seja na educação formal, como também na não formal, a educação
precisa ter marcas de testemunho profético, sendo ousada e aberta à utopia.
Dessa forma, afeta, potencializa e transforma os indivíduos como
atores-sujeitos sociais; uma educação que relaciona unidade e pluralidade.
Atenta e disponível aos mais frágeis, que transmita conteúdos, hábitos, valores
e virtudes, a partir da relação na proposição do encontro. Portanto, uma
educação para o cuidado com a casa comum, que valoriza a dimensão lúdica, o
diálogo e o respeito, que acompanha e ensina o verdadeiro, o belo e o bom, em
todos os contextos sociais.
Para
uma prática dialógica educativa, é necessário ainda promover uma vivência
participativa e cristã, de abertura ao mundo e aos outros, pois, ‘o sujeito que
se abre ao mundo e aos diferentes saberes inaugura, com seu gesto, a relação
dialógica que se confirma como inquietação e curiosidade, como inclusão em
permanente movimento na história.
3. Discernir
O
exercício da escuta conduz à necessária tomada de posição da parte de quem
escutou. Entre a escuta e a ação, urge a prática do discernimento, qual
iluminação à luz dos critérios da Fé e da Tradição Cristãs. E o discernimento
se pratica com outra escuta, dessa vez, da Palavra de Deus, como passo
fundamental para julgar evangelicamente os desafios do tempo presente e apontar
as proposições para o novo. Assim, a referência primeira é Jesus. Ao escutar as
acusações contra a mulher pecadora (Jo 8,1-11), o Mestre toma a palavra e faz
valer a misericórdia e o perdão como caminho novo para aquela mulher continuar
a viver resgatada na força do amor, da compreensão e da Boa-Nova do Reino. Este
caminho novo da misericórdia não exclui, porém, a correção: ‘vai e não peques
mais’.
Todos
os dias as pessoas são chamadas a tomar pequenas decisões. Essas são geralmente
adotadas à luz de valores assimilados desde a educação familiar e aperfeiçoados
na vida adulta. Mas é, sobretudo nas decisões que mais empenham o sentido da
vida e da dignidade humana, naquelas que comprometem o futuro de si mesmo e dos
outros, nas que envolvem a justiça e a liberdade, que a pessoa necessita
exercitar atentamente o discernimento. Para o cristão, essas decisões requerem
a luz da fé. “É verdade que o discernimento espiritual não exclui as
contribuições de sabedorias humanas, existenciais, psicológicas, sociológicas
ou morais, mas transcende-as. [...] Não está em jogo apenas um bem-estar
temporal, nem a satisfação de realizar algo de útil, nem mesmo o desejo de ter
a consciência tranquila. Está em jogo o sentido da minha vida diante do Pai que
me conhece e ama, aquele sentido verdadeiro para o qual posso orientar a minha
existência e que ninguém conhece melhor que Ele” (Papa Francisco).
Após
apresentar uma visão panorâmica da realidade educativa em nosso país, com seus
desafios potencializados pela pandemia e seus impactos nas políticas públicas
para a educação, é hora de discernir as principais referências da educação na
perspectiva cristã, ou seja, uma educação para o humanismo solidário. À luz da
Palavra de Deus, da Tradição e do Magistério da Igreja e da experiência
eclesial bimilenar, muito mais do que julgar os diferentes modelos educativos,
urge recuperar os princípios e as características da educação na perspectiva da
fé cristã.
Seguir
Jesus pelo caminho do discipulado consiste em aprender dele como se deve
construir novas relações rompidas, construir novas relações fraternas
fundamentadas em atitudes de amor ao próximo e de perdão que Ele mesmo teve ao
percorrer o caminho de seu ministério. O desejo de restaurar as relações
rompidas deve nascer do coração humilde e sincero do discípulo que se dispõe
continuamente a aprender com Ele como agir e como orar verdadeiramente.
A
Igreja, progressivamente, utilizou das fontes e dos instrumentos da cultura
para aprofundar a Revelação e promover um diálogo construtivo com o mundo. Os discípulos
missionários educadores, no decorrer dos séculos, encarnam a Boa-Nova do Reino
na aspiração de educar e formar as novas gerações para verdadeiramente
assumirem seu protagonismo no mundo. À luz da fé em Jesus, mestre e educador, a
missão educativa dos discípulos missionários tem sido promover a fraternidade a
partir da força transformadora do Evangelho. Esse jeito de ensinar reconhece a
todos como filhos de Deus e leva ao amor e ao serviço a todos, especialmente os
mais pobres.
- Horizontes próprios da educação cristã.
Toda
proposta educativa tem subjacente uma concepção do ser humano, da cultura, da
sociedade e da história. Pode-se dizer que a cada pedagogia corresponde uma
antropologia. A educação que parte de uma antropologia cristã também considera
o fim último da pessoa: conhecer e amar a Deus no tempo e na eternidade, e os irmãos
e irmãs por meio da fraternidade. A educação não é só integral no sentido
temporal, mas eterno. Ela deve conduzir a pessoa a desenvolver suas capacidades
em vista do amor a Deus e ao próximo (Mt 23,37-39), sem descuidar da promoção
da vida e da dignidade humana, no horizonte da salvação.
Ao
considerar a educação cristã, parte-se de uma antropologia cristã. Por isso, a
educação cristã parte da visão positiva e integral do ser humano como ser
responsável por si mesmo e pelo mundo, como ser livre, aberto à transcendência
e culturalmente situado, marcado pela contradição do pecado, mas orientado a
vencê-lo e, eticamente conduzido para a justiça e a fraternidade.
A
pessoa humana é um ser corporal e espiritual. “O corpo do homem participa da
dignidade da ‘imagem de Deus’: ele é corpo humano precisamente porque é animado
pela alma espiritual. É a pessoa humana inteira que está destinada a tornar-se,
no Corpo de Cristo, o Templo do Espírito” (Catecismo n. 364). Por essas
dimensões, a pessoa está ligada a este mundo por sua corporeidade e, ao mesmo
tempo, aberta à transcendência, porque é amada por Deus criador. Cada pessoa é
única e irrepetível. Essa singularidade aponta para a riqueza da subjetividade
de cada pessoa e se opõe a qualquer tentativa de reduzi-la a modelos ou tipos
ideológicos. A pessoa humana não pode ser instrumentalizada por nenhum motivo.
Ferida pelo pecado, a natureza humana sofre por não fazer o bem que deseja e
por fazer o mal que não deseja (Rm 7,19). Libertada em Cristo, crê na
superabundância da graça (Rm 5,20).
Decorrência
da dignidade, da unidade e da igualdade de todas as pessoas é o ordenamento das
ações humanas em vista do bem comum, princípio para a vivência da fraternidade
e condição para a vida em sociedade. É verdade, também iluminada pela fé, que
há uma dimensão política da existência humana ‘que implica uma atenção
constante ao bem comum e a preocupação pelo desenvolvimento humano integral’
(Fratelli Tutti n. 276). E, mais recentemente, insiste-se na dimensão ecológica
da vida humana, pois ‘viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo
opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial
de uma existência virtuosa’ (Laudato Si n. 217).
A
Igreja considera ‘a missão educativa da família cristã como um verdadeiro
ministério, através do qual é transmitido e irradiado o Evangelho, ao ponto de
a mesma vida da família se tornar itinerário de fé, em certo modo, iniciação
cristã e escola para seguir a Cristo. Na família consciente de tal dom, como
escreveu Paulo VI, ‘todos os membros evangelizam e são evangelizados’.
Mas
também se pode esquecer do papel da família no processo educativo para a
construção de uma sociedade melhor. É na família que se projeta a virtude de
perseverar nos bons propósitos em vista do cuidado das futuras gerações: “A
promoção de uma autêntica e madura comunhão de pessoas na família torna-se a
primeira e insubstituível escola de sociabilidade, exemplo e estímulo para as
mais amplas relações comunitárias na mira do respeito, da justiça, do diálogo,
do amor’ (Familiaris Consortio n. 43).
Como
direito universal, é importante que haja diversidade de ofertas, entre as quais
a educação cristã, de forma que, servindo-se de seus direitos, as famílias
cristãs possam escolher instituições e processos educativos que esteja de
acordo com seus princípios e crenças. Assim, é necessária a garantia da
coexistência de diferentes propostas educativas, entre as quais a cristã, de
forma a garantir o direito das famílias de optarem por uma educação em
continuidade com seus valores, pois os filhos não podem ser obrigados a
frequentar aulas que estejam em desacordo com a fé.
- Educar para o diálogo.
Nenhuma
pedagogia que se diga cristã poderá abster-se de operar o diálogo em todos os
níveis e com todos os sujeitos. Desde a educação no âmbito familiar, nas
instituições formais de ensino, nas organizações civis e do Estado, os cristãos
hão de primar pelo testemunho do diálogo. Deverão ser reconhecidos como homens
e mulheres que falam com sabedoria e ensinam com amor (Pr 31,26).
Diálogo
não significa concordar com tudo. Ele se estabelece com quem está aberto a essa
experiência enquanto compromisso de amor. Isso implica não negociar o que é
inegociável nas convicções de cada um e de cada grupo. Uma educação que provoca
a cultura do diálogo é capaz de identificar e nomear lugares, situações e
ambientes onde a intolerância, a violência e o ódio são disseminados e, assim,
refletir suas causas e buscar soluções para sua superação. “Em uma sociedade pluralista,
o diálogo é o caminho mais adequado para reconhecer o que sempre deve ser
afirmado e respeitado” (Fratelli Tutti n. 211). A escola e a universidade, por
suas características plurais, são um campo fértil para verdadeiras experiências
do encontro, do diálogo, da reflexão e do olhar atento sobre a realidade.
4. Agir
O
exercício da escuta conduz à necessária tomada de posição da parte de quem
escutou. Entre a escuta e a ação, urge a prática do discernimento, qual
iluminação à luz de critérios da fé e da tradição. E o discernimento se pratica
com outra escuta, dessa vez, da Palavra de Deus, como passo fundamental para
julgar evangelicamente os desafios do tempo presente e apontar propostas que
inspiram o nosso agir.
“Vai,
e de agora em diante, não peques mais” (Jo 8,11). Foram essas as palavras de
Jesus dirigidas à mulher surpreendida em flagrante adultério. Ela não foi
apedrejada, mesmo tendo pecado. O Divino Mestre educou a todos os que estavam
envolvidos naquela cena e ainda hoje nos envia sua Palavra a fim de que,
educados por ela, livres do pecado, sejamos capazes de falar com sabedoria e
ensinar com amor. Porém, ressalte-se, assim como afirmou o Papa Francisco, não
há misericórdia sem correção. De fato, Jesus disse à adultera: ‘vá e não peques
mais’. Aqui entra a questão da disciplina no processo educacional. Disciplina
como abertura e colaboração pessoal no processo de aprendizado.
O
testemunho da Igreja missionária é o princípio que qualifica o anúncio do
Evangelho e a torna capaz de propor aos homens e mulheres de boa vontade um novo aprendizado: educar é um ato de
esperança no ser humano. É contribuir para que cada pessoa, cada discípulo
missionário de Jesus Cristo ofereça o melhor de si a Deus, ao próximo, à Igreja
e à sociedade. Educar com sabedoria e amor é estimular o cuidado pela vida,
desde a concepção, passando pelo fim natural, até a eternidade. Convictos do
poder transformador da educação pedimos: Senhor, ajudai-nos a criar um mundo
novo!
Uma
mudança de época requer um caminho educativo. Criatividade e responsabilidade,
a pessoa no centro com o olhar voltado para o seu semelhante. Uma educação que
gere pessoas disponíveis para o serviço da comunidade. Assim, as credenciais
para um novo aprendizado passam pelo
testemunho de vida, pela alegria de ser missionários também a serviço de uma
educação integral, promotores da fraternidade comprometidos com os mais pobres.
Um novo aprendizado nada mais é do
que promover uma educação humanizada.
Uma
educação humanizada não pode limitar-se a fornecer um serviço de formação, mas
também cuidar dos seus resultados no horizonte das capacidades pessoais, morais
e sociais dos participantes no processo educativo. Não pede simplesmente ao
professor para ensinar e ao aluno para aprender, mas exorta cada um a viver,
estudar e agir de acordo com as premissas do humanismo solidário. Não prevê
espaços de divisão e contraposição, mas, pelo contrário, oferece lugares de
encontro e debate para realizar projetos educativos válidos. Trata-se de uma
educação, ao mesmo tempo sólida e aberta, que derruba os muros da
exclusividade, promovendo a riqueza e a diversidade dos talentos individuais e
expandindo o perímetro da própria sala de aula e cada âmbito da experiência
social em que a educação pode gerar solidariedade, partilha e comunhão.
- Uma nova realidade para a educação? O Pacto Educativo
Global.
“A
educação é obra necessariamente social e não singular” (Pio X). Será que é
possível uma nova realidade, um novo horizonte para a educação? Não há dúvidas
de que o atual cenário precisa mudar em diversos âmbitos e aspectos. A cada dia
ficamos surpresos com os dados que traduzem partes dos impactos da pandemia na
educação. Um modo de iniciar um novo tempo na educação é assumirmos as
propostas do Papa Francisco que nos convoca a unir forças em vista de um Pacto
Educativo Global.
No
atual contexto profundamente marcado por contrastes sociais e sem uma visão
comum, é urgente uma mudança de rumo que só será possível através de uma
educação integral e inclusiva, capaz de uma escuta paciente e de um diálogo
construtivo no qual a unidade supere o conflito. “A educação será ineficaz e os
esforços estéreis se não se preocupar também por difundir um novo modelo
relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza”
(Laudato Sí).
Se
para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira, nesta mesma aldeia
existem atores fundamentais neste processo: a família, a Igreja, a escola, e a
sociedade. É preciso que cada um deste atores atuem com a coragem ao colocar a
pessoa no centro do processo educativo. Todos precisam cooperar envolvendo-se
diretamente tanto nos debates como também em iniciativas criativas que ajudem
os governantes a priorizar a educação integral em nosso país. Tal
empreendimento exige repensar a ação educativa formal e informal, e quais
escolhas estão sendo feitas, qual modelo de sociedade e de pessoa humana
estamos formando, pois, educar é servir e o verdadeiro serviço da educação é a
educação a serviço.
Uma
“educação frutífera não depende primariamente da preparação do professor nem
das habilidades dos alunos, mas da qualidade do relacionamento que é
estabelecido entre eles. Muitos estudiosos da educação enfatizaram que não é o
professor a educar o aluno numa transmissão unidirecional, nem é o aluno a
construir o seu próprio conhecimento, mas é o relacionamento deles que os educa
mutuamente num intercâmbio dialógico que os pressupõe e, ao mesmo tempo, os
supera. Esse é, propriamente, o sentido de colocar no centro a pessoa que é relação” (Pacto Educativo
Global, p. 17).
- Educar é iniciar processos.
O
que podemos aprender com a pandemia para iniciar novos processos que contribuam
para o nascimento de uma nova realidade educacional? A descoberta de nossa
vulnerabilidade pode ser a ocasião para nascer uma nova força de cooperação.
Tudo está interligado. Não existe solução fácil para problemas difíceis.
Priorizar a educação supõe empenho concreto que vai desde a família até a
elaboração de políticas públicas. Iniciar processos a partir de pequenas práticas
e perseveranças nos propósitos estabelecidos.
A
humanização de uma sociedade passa também pelo modo de lidar com a fragilidade,
a morte e o luto. A pandemia nos recordou que não podemos perder de vista essa
realidade. Olhar a educação à luz da fragilidade e da morte tão próxima
significa perguntar o que é que estamos fazendo com a vida, a morte e o luto.
Somos uma sociedade que educa considerando a realidade da morte? É preciso
viver como quem sabe que um dia também passará pela experiência da morte.
Educar para lidar com a morte implica o modo de perceber a vida e como temos vivido.
A
pandemia também nos colocou de volta ao ambiente familiar de forma inesperada.
Um reencontro como Igreja doméstica. Nunca estivemos tanto tempo em casa. Esse
ambiente possibilita a redescoberta da disciplina, da ajuda mútua, da
corresponsabilidade, dos limites e dos hábitos, da convivência e da capacidade
de cultivar um olhar atento para situações em que o ato de educar precisa
acontecer de imediato. A convivência comunitária e familiar é um valor na
missão de educar que não podemos perder.
Em
muitos casos, as redes sociais tornaram-se como que uma caixa amplificada que
reverbera muitos tipos de violência, causando grande mal à educação e à vida.
Ficar atento ao bom uso das redes sociais e sua utilização para favorecer a
partilha do conhecimento ficou ainda mais evidenciado com a pandemia. É preciso
cuidar, acompanhar e utilizar de forma adequada esta bela oportunidade de
proximidade virtual que jamais supera ou exclui o presencial.
A
descoberta de um novo modo de evangelizar: a pandemia nos obrigou a repensar
nossa ação evangelizadora. Fomos obrigados a nos repensar para alcançar o povo,
para continuar próximos às pessoas. A renovação de nossa ação pastoral,
adotando as celebrações litúrgicas por via digital, não basta. A tecnologia
moderna nos desafia a buscar novas formas de vivermos a fé e a caridade em
nossas comunidades eclesiais missionárias.
(O texto prossegue com
algumas sugestões práticas que chama de “inspirações” e também uma série de
perguntas)
5. Fala com sabedoria, ensina com amor.
“O
lar é chamado a viver e a cultivar o amor recíproco e a verdade, o respeito e a
justiça, a lealdade e a colaboração, o serviço e a disponibilidade para com o
próximo, especialmente com os mais frágeis. O lar cristão, que deve manifestar
a todos a presença viva do Salvador no mundo e a natureza autêntica da Igreja
deve estar impregnado da presença de Deus, colocando nas suas mãos as
vicissitudes cotidianas e pedindo a sua ajuda para cumprir de maneira adequada
a sua missão imprescindível” (Bento XVI).
Na
celebração do Dia de São José durante o segundo ano do seu Pontificado, o Papa
Francisco, em sua catequese, nos presenteou com uma bela reflexão em que
enfatiza o aspecto educador de São José. Jesus, que é educado no seio da
Sagrada Família e por isso cresce em sabedoria e graça, nos convida a apreciar
a convivência no ambiente familiar, ouvir e dar atenção aos idosos, escutar as
crianças, acompanhar e apoiar os jovens. Em cada etapa da vida habita uma
sabedoria.
Nesse
sentido, na conclusão deste Texto-Base, recordamos algumas belas exortações do
Papa Francisco nesta catequese: “E Jesus ia crescendo em sabedoria, idade e
graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52).
Comecemos
pela idade, que constitui a dimensão mais natural, o crescimento físico e psicológico.
Juntamente com Maria, José cuidava de Jesus, antes de tudo, a partir deste
ponto de vista, ou seja, criou-o, preocupando-se, a fim de que não lhe faltasse
o necessário para um desenvolvimento sadio. Não esqueçamos que a tutela cheia
de esmero da vida do Menino comportou também a fuga para o Egito, a dura
experiência de viver como refugiados – José foi um refugiado, juntamente com
Maria e Jesus – para fugir da ameaça de Herodes. Depois, quando voltaram para a
pátria, estabelecendo-se em Nazaré, há outro período da vida escondida de Jesus
na sua família, no seio da Sagrada Família. Naqueles anos, José ensinou a Jesus
também o seu trabalho, e Jesus aprendeu a profissão de carpinteiro, juntamente
com o seu pai José. Foi assim que José educou Jesus, a tal ponto, quando era
adulto, lhe chamavam o filho do carpinteiro (Mt 13,55).
Passemos
à segunda dimensão da educação de Jesus, a da sabedoria. Diz a Escritura que o
princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Pr 1,7; Eclo 1,14). Temor não tanto
no sentido de medo, mas de respeito sagrado, de adoração e de obediência à sua
vontade, que procura sempre o nosso bem. José foi para Jesus exemplo e mestre
desta sabedoria, que se alimenta da Palavra de Deus. Podemos pensar no modo
como José educou o pequeno Jesus a ouvir as Sagradas Escrituras, principalmente
acompanhando-o aos sábados à sinagoga de Nazaré. E José acompanhava-o para que
Jesus ouvisse a Palavra de Deus na sinagoga. E a prova da escuta profunda de
Jesus em relação a Deus, José e Maria tiveram-na – de uma maneira que os
surpreendeu – quando ele, com 12 anos, permaneceu no templo de Jerusalém sem
que eles o soubessem; e encontram-no depois de três dias, enquanto dialogava
com os doutores da lei, os quais ficaram admirados com a sua sabedoria. Eis: Jesus
está repleto de sabedoria, porque o Filho de Deus, mas o Pai celeste valeu-se
da colaboração de São José, a fim de que o seu Filho pudesse crescer cheio de
sabedoria (Lc 2,40).
E
por fim, a dimensão da graça. Diz ainda São Lucas, referindo-se a Jesus: a
graça de Deus estava sobre Ele (2,40). Aqui, certamente a parte reservada a São
José é a mais limitada do que aos âmbitos da idade e da sabedoria. Todavia,
seria um erro grave pensar que um pai e uma mãe nada podem fazer para educar os
filhos a crescer na graça de Deus. Crescer em idade, crescer em sabedoria,
crescer em graça: este é o trabalho que José levou a cabo em relação a Jesus,
fazê-lo crescer nestas três dimensões, ajuda-lo a crescer. José o fez de um
modo verdadeiramente único, insuperável. Com efeito, ele tinha desposado a
mulher cheia de graça (Lc 1,28), e sabia bem que Jesus tinha sido concebido por
obra do Espírito Santo. Portanto, neste tempo da graça, a sua obra educativa
consistia em secundar a obra do Espírito no coração e na vida de Jesus, em
sintonia com Nossa Senhora. Esse âmbito educativo é o mais específico da fé, da
adoração e da aceitação da vontade de Deus e do seu desígnio. Também, e
sobretudo nesta dimensão da graça, José educou Jesus primariamente com o
exemplo: o exemplo de um homem justo (Mt 1,19), que se deixa sempre guiar pela
fé, e sabe que a salvação não deriva da observância da lei, mas da graça de
Deus, do seu amor e da sua fidelidade.
Oração à Nossa Senhora Educadora
Virgem
Maria, Mãe Educadora, sinal de vida e sabedoria, pelo amor do teu filho Jesus,
intercede
por nós a fim de que façamos o discernimento necessário na busca do
conhecimento.
Faz-nos
compreender que somos transformados naquele que amamos,
aumentando
assim as dimensões do nosso coração.
Dá-nos a
ousadia de educar, de falar com sabedoria e ensinar com amor,
sobretudo
com o testemunho de nossas vidas,
deixando a
tua marca de esperança na vida de quem encontramos ao longo da vida.
Maria, tu
que tão bem educaste Jesus, auxilia-nos nesta longa caminhada,
revestindo-nos
da coragem de experimentar, dia a dia,
a verdadeira
felicidade, a verdadeira sabedoria. Amém.
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