Criação e queda do Ser Humano

1. O Ser Humano – ponte entre o mundo do espírito e da matéria. Alma (espírito) de natureza similar ao anjo; corpo (matéria), similar a natureza dos animais. Isso o faz um ser à parte – com um pé no tempo e outro na eternidade.

- “Animal racional” – Animal (matéria) – Racional (espírito).

 

2. Muitos são os estudos que se voltam para a compreensão do ser humano. Seu maquinário complexo; capacidade de adaptação...

- O corpo é apenas ‘metade’ do ser humano. CIC 364. Mesmo tendo corpo, ele é mais que animal. E mesmo tendo um espírito imortal, é menos que os anjos.

- Alma e corpo se fundem para gerar o que chamamos de ser humano. Ao dizermos que se fundem, dizemos que estão intimamente interpenetrados que um não pode viver sem o outro (ao menos nessa vida).

Ex: Soldar um pedaço de zinco e cobre. Teremos um pedaço de metal que é parte zinco e parte cobre (união acidental), mas se os dois se fundem surge uma nova substância a que chamamos de bronze. CIC 365.

- Percebemos essa íntima união nos incidentes que ocorrem – alma e corpo se inter-relacionam: quando o corpo sofre, a alma também sofre, e vice versa.     

 

3. Dessa união, matéria e espírito, a parte mais completa e importante é a alma. Porque é imortal. CIC 363.

- Um espírito não pode ser medido. Não depende de um corpo inteiro para existir. Só deixa o corpo quando este cessa as suas funções. Não morre. Nela nada pode danificado ou destruído; não consta de partes, não se decompõe nem pode deixar de ser o que é.

 

4. Estas características são o fundamento da afirmação de que fomos feitos à sua imagem e semelhança.

- Nosso corpo reflete o poder e sabedoria divina, a alma é um retrato especial do autor, menos, imperfeito, mas é o que no aproxima d’Ele.

- A capacidade intelectual reflete o Deus que tudo sabe e conhece. A liberdade (livre vontade), eco da liberdade infinita que Deus possui. A imortalidade é uma centelha da imortalidade absoluta de Deus.  Todos esses elementos fazem o homem capaz de Deus. CIC 357.

 

Como nos fez Deus

 

1. Estudamos o livro do Gênesis (próxima sequência, ao entrarmos no mundo bíblico) e compreendemos que o autor, sem especificações científicas, diz que o gênero humano descende de um único casal original que foram direta e imediatamente criados por Deus. É a chamada teoria criacionista que não rivaliza com a teoria evolutiva. Pode ser que Deus tenha criado o mundo e moldado o corpo do homem e da mulher por meio de um processo evolutivo (uma espécie de macaco poderia ter dado origem a essa espécie evoluída; seria a mesma leitura de que Deus criou o homem do barro).

- O que é necessário compreender? A alma é espírito, não pode evoluir da matéria; nem é herdada de nossos pais. Seja qual for a forma que Deus tenha escolhido para fazer o nosso corpo, o que mais importa é a alma. É a alma que levanta do chão os olhos do animal.  

- É alma que levanta os nossos olhos até as estrelas, para que vejamos a beleza, conheçamos a verdade e amemos o bem.  

 

2. Esse primeiro homem e primeira mulher, saem das mãos de Deus apenas esplêndidos, não submetidos às leis ordinárias da natureza, nem conheceriam a morte. Foram agraciados com os dons ‘preternaturais’ e ‘sobrenaturais’. Os primeiros não pertencem por direito à natureza humana e, no entanto, não estão inteiramente fora da capacidade da natureza humana e recebê-los. 

- Estes possuíam um conhecimento natural de Deus e do mundo, claro e sem obstáculos (sem estudo, sem busca). Elevada força de vontade e controle perfeito das paixões e dos sentidos (não conheciam a dor e a morte). Estes também já possuíam o que chamamos de dom sobrenatural: participação na própria vida divina, poderiam ver a Deus face a face. CIC 376-7.

 

O que é pecado Original?

 

1. Ao criar o ser humano Deus o dotou com os dons preternaturais que os livraram do sofrimento e da morte, e o dom sobrenatural da graça santificante. Tais dons deveriam passar aos seus descendentes, assegurados por Deus a Adão e Eva, se estes por ato de livre escolha, desse irrevogavelmente seu amor a Deus. Em outras palavras: fazer a sua vontade, obedecer-lhe, preferindo-O a si próprio (provar o seu amor).

- A única ordem dada por Deus: não comer do fruto de certa árvore (teste do amor – da capacidade de obedecer). Adão e Eva falharam na prova. Cometeram o 1º pecado, que chamamos de ‘pecado original’. Não é um simples pecado de desobediência. Foi um pecado de soberba: se comessem tal fruto seriam tão grandes como Deus, seriam deuses.   

- Colocando dentro da realidade humana, como o compreendemos, dizemos que é inevitável o pecado. O peso do pecado de Adão e Eva não se situa no campo da ignorância ou fraqueza. Adão e Eva pecaram com total clareza de mente e absoluto domínio das paixões pela razão. Não havia desculpa.

- Perdem todos os dons especiais que Deus lhes havia concedido. Ficaram reduzidos ao mínimo essencial, que lhes pertencia pela natureza humana. CIC 399-400.

 

2. Potencialmente estávamos todos presentes no nosso pai comum, todos sofremos ou somos atingidos com esse pecado. A nossa natureza humana perdeu a graça na sua própria origem, e por isso dizemos que nascemos em estado de pecado original.

- O pecado original é a carência, a falta de alguma coisa, da vida sobrenatural a que chamamos graça santificante. Nascer em estado de pecado original é nascer com uma ausência, falta-nos essa vida sobrenatural. O batismo nos devolve essa vida sobrenatural, mas não restaura os dons preternaturais.

 

3. Tendo a vida sobrenatural, temos o que realmente importa: justiça infinita se equilibra com misericórdia infinita. Em Jesus Cristo somos restaurados para vida em Deus. Antes de Cristo só a Virgem Maria possui uma natureza em perfeita ordem.

- Isso não quer dizer que com a morte de Cristo o ser humano passa necessariamente a ser bom. A reparação de Cristo não arrebatou a liberdade da vontade humana. Se temos de poder provar o nosso amor a Deus pela obediência, temos de conservar a liberdade de escolha que essa obediência requer.

 

4. Nascemos à sombra do pecado original. Além deste, lutamos com o que chamamos de pecado atual. Este pode ser mortal ou venial segundo seu grau de malícia. Consideramos assim que há graus de gravidade na desobediência.

- Assim, também desobedecemos a Deus em matérias de menos importância, e isso não significa negar a ele o nosso amor (faltas veniais). A falta venial situa-se também quando há ignorância ou falta de consentimento pleno (falta de reflexão suficiente) ou quando o medo às consequências diminui a minha liberdade de opção.

- Neste falta a malícia de um desprezo por Deus consciente e deliberado. ‘Veniais’ – do latim ‘perdão’. Deus perdoa prontamente os pecados veniais, mesmo que não se recorra ao sacramento da Penitência; um sincero ato de contrição e o propósito de emenda bastam para o seu perdão.

- Isso não significa que este tenha pouca importância. Todo pecado é uma forma, um ato, de ingratidão para com Deus. Ele diminui um pouco o amor de Deus em nosso coração e debilita a nossa resistência às tentações. Dizendo ‘sim’ às pequenas infidelidades, acabaremos dizendo ‘sim’ à tentação grande, quando esta se apresentar.  

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