Formação - O Credo – Parte I – Eu creio em Deus


1. O que significa crer?

- A fé é uma resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último da vida.

 

2. Como se chega a Deus?

- O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.

- Se o homem existe é porque foi criado, por amor. Ele só vive plenamente, reconhece livremente esse amor, entregando-se a Ele.

- Esse desejo ou busca de Deus tem se manifestado ao longo da história de múltiplas maneiras. Mesmo com certa ambiguidade, o ser humano é um ser religioso.

- Mas esse desejo de Deus pode ser esquecido, ignorado e até rejeitado. As motivações podem ser diversas:

* A revolta contra o mal no mundo;

* A ignorância ou a indiferença religiosa;

* As preocupações com as coisas do mundo e com as riquezas (Mt 13,22);

* O mau exemplo dos crentes;

* As correntes de pensamento hostis à religião;

* O pecado (o pecador se esconde e foge de Deus – Jn 1,3).

- Da parte de Deus não cessa o chamado e a busca. O homem emprega, nessa busca todo o esforço da sua inteligência, a retidão de sua vontade, e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar Deus.

 

3. Vias de acesso: ou provas de sua existência (não científicas) – argumentos convergentes e convincentes.

- Ponto de partida: o mundo material e a pessoa humana.

* O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo. Deus: origem e fim do universo. Rm 1,19-20.

* O homem: com sua abertura à verdade, à beleza, sua liberdade, consciência, sua aspiração ao infinito, à felicidade, suas interrogações.

- O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmo nem o seu princípio primeiro nem o seu fim último. Mas participam de um outro ser, sem origem e sem fim. Nesse sentido a fé não se opõe à razão humana.

- A revelação de Deus se dá a partir das coisas criadas, pelo uso da razão. Mesmo podendo chegar, por suas forças, a este conhecimento natural, existem obstáculos que impedem esta mesma razão de chegar à estas verdades que se referem a Deus e a sua relação com o homem.

- Tais verdades transcendem completamente a ordem das coisas sensíveis e quando estas verdades atingem a vida prática e a regem, requerem sacrifício e abnegação. Aqui entra a resistência por parte dos sentidos, da imaginação, das más inclinações, levando a supor que seja falso ou ao menos duvidoso aquilo que não desejam que seja verdadeiro.

 

4. É possível falar de Deus?

- Nossa linguagem sobre Deus é limitada. Só podemos falar dele a partir das criaturas, e segundo o nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar. Criados à sua imagem e semelhança, percebemos em nós perfeições (verdade, bondade, beleza) que refletem a perfeição infinita de Deus (Sb 13,5).

- Mas Deus transcende a toda criatura, por isso constantemente necessitamos purificar a nossa linguagem daquilo que possui de limitado, de proveniente da pura imaginação, de imperfeito, para não confundirmos Deus com as nossas representações humanas. Nossas palavras estão sempre aquém do mistério de Deus.

 

5. Fé: ligação com Deus.

- Toda vez que agimos com fé, aceitamos como verdadeira alguma coisa da palavra de outra pessoa. De certo modo, os relacionamentos amorosos são construídos sobre um ato de fé. Se você disser que me ama, não posso logicamente provar ou invalidar isto. Nem posso pedir que você o faça. Não existe prova final. Apenas sua palavra. Posso aceitar sua palavra ou me recusar a acreditar em você.

- Deus nos fala através do mundo criado, de Sua palavra e do próprio Jesus. Ele nos diz muitas coisas sobre si mesmo, sobre nós, nossas vidas e nosso mundo. O mais importante de todas as coisas é a verdade: “Eu amo você...  Ainda que uma mãe esquecesse o filho... Eu amei você desde toda eternidade...”. São estas palavras que regem toda a vida, morte e ressurreição de Jesus.

- O poder de crer é em si uma dádiva divina. O Deus cujas palavras chegaram até mim através dos séculos, deve ser uma luz brilhante na escuridão de minha compreensão, uma tranquilizadora mão sobre a minha, um toque de amor na face da minha solidão. Somente Deus pode fazer uma pessoa crer. Somente Deus pode dirigir-me para esse momento de verdade e paz.

- É assustador saber que posso recusar essa dádiva, ou ser tão superficial em meu “sim” que raramente usarei esse dom em minha vida diária.  Ao mesmo tempo, é excitante pensar que posso me abrir mais e mais a essa graça, dizer sempre profundamente “eu creio”. 

Um comentário:

  1. Para sentirmos a presença de Deus e nossa vida diária é mister observar os Evangelhos e ter uma vida de oração.
    A graça de Deus nos falar só podemos adquirir pela fé e pela confiança no amor Dele por nós.
    Perseverar na oração, crescer em santidade, aceitar a vontade de Deus são vias de acesso eficazes para se obter a misericórdia do altíssimo e deixar de lado o que é puramente a nossa vontade. Eu creio.

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