Formação: Creio na Igreja...

Introdução: há poucos dias celebrávamos a solenidade de Pentecostes, para alguns autores é aqui que se inicia o caminhar da Igreja. A Igreja é o lugar onde floresce o Espírito. Crer na Igreja está inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.  A palavra Igreja, do grego ‘ekklèsia’ (chamar), significa ‘convocação’. No AT tinha a designação de assembleia. Assim, nos dois termos temos a ideia de convocação, chamado, a fazer assembleia, estar juntos não tanto por um querer próprio, mas de Deus. A Igreja passou a ser no NT a comunidade de fé ou mesmo a assembleia litúrgica. Mas é preciso que compreendamos de que Igreja estamos falando, já que o termo se diluiu nas tantas outras denominações religiosas que passaram a se designar como Igreja.

Ao comprarmos determinadas mercadorias procuramos verificar a marca e os selos que recomendam o uso de determinado produto; se é econômico, etc. A nossa Igreja também tem alguns ‘selos’ que permitem reconhecê-la, que estavam no desejo d’Aquele que a fundou, dando-lhe a marca de sua origem divina. E deixou tão à vista que não pudéssemos deixar de reconhecê-la no meio da miscelânea de mil seitas, confissões e religiões do mundo atual.

Podemos reconhecer tal marca a partir de 4 pontos:

·         Unidade: Jo 10,16; 17,11.

·         Santidade: Jo 17,17.19; Tt 2,14.

·        Catolicidade (universalidade): do grego e do latim – ambos significam ‘tudo’ – Todo o ensinamento de Cristo a todos os homens, em todos os tempos e em todos os lugares: Mt 24,14; Mc 16,15; At 1,8.

·       Apostolicidade: o fato de remontar a sua linhagem, em linha ininterrupta, até os apóstolos. Deve ser capaz de mostra a sua legítima descendência de Cristo por meio dos Apóstolos. Mt 16,18; 28,18-20; Ef 2,19-20.

Muitas igrejas alegam ser de Cristo ou cristã, sem trazer em si tais selos. Diante desse cenário, de tantos que alegam isso ou aquilo, devemos estar dispostos a expor a nossa religião em qualquer ocasião; mas nunca a discutir sobre ela. Dizer: ‘a sua religião é falsa e eu lhe direi por quê?’, é algo que não pode ser dito assim diretamente, isso fecha a porta do diálogo. Quando conhecemos bem a nossa religião, podemos explica-la, inteligente e amavelmente, ao não católico ou não praticante. Haverá bastante esperança. Demonstrando porque a nossa Igreja é verdadeira, estabelecida por Cristo, não há razão para dizer-lhe que a ‘igreja’ dele é falsa. Ele deverá tirar as próprias conclusões.

 

1. O que significa a UNIDADE da Igreja?

Ela é vista a partir de 3 dimensões: Unidade de credo; unidade de culto; unidade de autoridade (CIC 815). Através do Credo manifestamos as verdades em que cremos. Verdades dadas a conhecer pelo próprio Cristo, reveladas pelo próprio Deus. Nas questões religiosas não existe o ‘juízo privado’. É ilógico admitir que Deus nos deu a conhecer certas verdades, e dizer que cada homem deve interpretar essas verdades de acordo com seu critério. Não esta em nossas mãos escolher e acomodar a revelação de Deus às nossas preferências ou às nossas conveniências. O ‘juízo privado’ leva a negar toda a verdade absoluta. O que nos leva ao relativismo. Eu passo a pensar que essa coisa é verdadeira enquanto é útil, mas se deixar de ser, deixa de ser verdade, se atrapalha o avanço do progresso (Deus), por exemplo.

Em resumo: bom ou verdadeiro é apenas o que, aqui e agora, é útil para a comunidade, para o homem como elemento construtivo da sociedade, e é bom e verdadeiro somente enquanto costuma ser útil. Esta filosofia tem o nome de pragmatismo. É difícil dialogar com um pragmático, pois este nega a existência de qualquer verdade real e absoluta.

Nós dizemos e cremos nas mesmas verdades quando recitamos o Credo dos Apóstolos. Estamos unidos também no culto, como nenhuma outra igreja, em toda parte a mesma missa (liturgia), os mesmos sete sacramentos. Na autoridade petrina, pela sucessão apostólica. Uma fé, um culto, uma cabeça. Esta é a unidade pela qual Cristo orou, a unidade que estabeleceu como um dos sinais que identificariam perpetuamente a Sua Igreja. É uma unidade que só pode ser encontrada na Igreja Católica.

 

2. SANTA.

Esta nota característica da Igreja nos surpreende diante daqueles que não buscam, por sua vida, testemunhar a sua fé. Por outro lado, a Igreja nunca foi pensada como uma elite religiosa ou espiritual. Jesus a comparou com uma rede que apanha todos os tipos de peixe, a um campo onde crescem o trigo e o joio... Sempre haverá pecadores. Apesar disso, Cristo sublinhou a santidade como uma nota distintiva: “Sede santos...” (CIC 823). 

            Apesar de constatarmos uma série de situações que se oporiam a esta afirmação, podemos apresentar o vasto catálogo de homens e mulheres que levaram uma vida de santidade eminente. A santidade de Cristo continua a operar na Igreja. Entre os vivos encontraremos aqueles que conscientes levam adiante o seu testemunho, buscando ser amável, paciente, abnegado e amistoso, generoso, sóbrio, leal e puro na conduta.

 

3. CATÓLICA. (CIC 830)

Que quer dizer? Antes de qualquer coisa queremos dizer que existiu todo o tempo desde o domingo de Pentecostes até os nossos dias. Uma existência ininterrupta de quase dois mil anos.  Digam o que quiserem as outras ‘igrejas’ que se consideram purificação da primitiva igreja ou ‘ramos’ da Igreja, o certo é que, nos primeiros séculos da história cristã, não houve outra igreja além da católica. As comunidades cristãs mais antigas são as nestorianas, as monofisitas e ortodoxas. A ortodoxa grega surgiu no sec. IX, quando imperador separou a Grécia da sua união com Roma. A confissão protestante mais antiga é a Luterana, século XVI, com Martinho Lutero.

É a única que ensina todas as verdades que Jesus ensinou e como Ele as ensinou. As outras igrejas não católicas nem todas aceitam o sacramento da penitencia e a unção dos enfermos, a missa e a presença real de Jesus na Eucaristia, a supremacia espiritual de Pedro e seus sucessores, a eficácia da graça e a possibilidade de um homem merecer a graça e o céu. 

É católica por sua expressão, está em todos os países do mundo e onde permitiram a entrada dos seus missionários (CIC 851). É a única que está em toda parte, por todo o mundo.

 

4. APOSTÓLICA. (CIC 857)

Desde o dia em que os Apóstolos impuseram as mãos sobre Timóteo e Tito, Marcos e Policarpo, o poder episcopal transmitiu-se pelo sacramento da Ordem Sagrada de geração em geração, de bispo para bispo.  Nós, que cremos, temos que ver tais marcas com lúcida segurança.

 

5. A razão, a fé...

Deus concedeu aos homens a capacidade de raciocinar e ele deseja que a utilizemos. Alguns não pensam, não questionam e tomam tudo que leem em livros e revistas como verdades. Nem todos os católicos têm uma compreensão inteligente da sua fé. Para muitos, a fé é uma aceitação cega das verdades religiosas baseadas na autoridade da Igreja, por falta de estudo ou preguiça mental. Para um católico que raciocina, a aceitação raciocinada, uma aceitação inteligente.

Devemos compreender a competência da Igreja para falar em nome de Cristo sobre matérias de fé doutrinal ou de ação moral, para administrar os sacramentos e exercer o governo espiritual, chamamos autoridade da Igreja.

Compreendemos a questão da infalibilidade do Papa ou de todos os bispos juntos com o Papa, na proclamação solene de certas matérias de fé ou de conduta, sob a promessa de Cristo (Mt 28,20 – ‘Eu estarei convosco todos os dias...’). Ele não nos permitiria cair em erro em matérias essenciais à salvação.

A estes elementos chamamos de atributos. Um outro atributo é a indefectibilidade – que no lembra que a Igreja permanecerá até o fim dos tempos como Jesus a fundou, que não é perecível, que continuará a existir enquanto houver almas a salvar. Esse atributo não nos deve induzir a um falso sentimento de segurança, sem nos darmos conta dos vários perigos que a rondam, pensando que nada de mau vai acontecer porque Cristo está na sua Igreja. Corremos o risco de reduzirmo-nos a um pequeno grupo cercado de uma cultura anticristã. Tanto ao cristão comum como ao sacerdote e religioso, Deus nos cobrará o testemunho e o zelo em levar adiante o evangelho.

A questão não é só contribuir com o dízimo, mas é também rezarmos pelas obras de apostolado, para que sejam abundantes e eficazes na aproximação dos outros da fé. Rezamos pelo nosso vizinho? Pelo nosso companheiro de trabalho? Convidamos um amigo a vir à missa e se não conhece o rito esforçamo-nos por ajuda-lo a compreender? Temos algum bom livro que possa ajudar o outro a entender a nossa fé, quando este se mostra curioso? 

A expressão “fora da Igreja não há salvação” significa que não há salvação para os que se acham fora da Igreja por culpa própria – alguém que abandonou a Igreja não poderá salvar-se se não retornar. Um não católico que sabe que ela é verdadeira e mesmo assim permanece fora, não poderá salvar-se. Aqueles que se encontram fora da Igreja sem culpa própria, e que fazem tudo conforme o seu reto entender, fazendo bom uso das graças que Deus certamente lhes dará em vista de sua boa vontade, esses poderão salvar-se. Isso não quer dizer que haja da minha parte uma despreocupação com relação a sua salvação. E que tanto faz uma Igreja como outra. Levar a sério a sua fé deve levar-nos a perguntar-nos: ‘que posso fazer para ajudar essa pessoa a reconhecer a verdade da Igreja Católica e unir-se a mim no Corpo Místico de Cristo?’. Deus espera lago de mim, para ajudá-lo a chegar até o outro.  

2 comentários:

  1. Obrigada Padre pelo direcionamento e de nos mostrar que podemos ser melhores pela ação do dia a dia, do conhecimento da palavra e do trabalho de formiguinhas que podemos fazer! DEUS abençoe!!!

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  2. Muito linda reflexão
    Deus Abençoe

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